capa

Mulher deve ser a primeira pessoa vacinada contra COVID no RS

A enfermeira Mônica Calazans e a técnica de enfermagem indígena Vanuzia Santos também foram as primeiras a receber a dose ontem

publicidade

Enquanto os estados recebem as primeiras doses da Coronavac, o Rio Grande do Sul já sabe quem será a primeira pessoa a receber a vacina contra Covid-19 por aqui. Será uma mulher, profissional da linha de frente contra a doença que atua no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A dose deverá ser aplicada no final da tarde de hoje.

Ontem, uma enfermeira negra do hospital Emílio Ribas, que está há oito meses na linha de frente do combate ao coronavírus, foi a primeira brasileira a receber uma dose da vacina Coronavac. A aplicação ocorreu às 15h30, minutos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar, por unanimidade, o uso emergencial desta e também da vacina de Oxford. Mônica Calazans, 54 anos, mora em Itaquera e tem perfil de alto risco para a covid: é obesa, hipertensa e diabética. Ela foi vacinada no Hospital das Clínicas, onde o governador João Doria, em seguida, fez um pronunciamento. Foi vacinada pela colega Jéssica Pires de Camargo - e em seguida mostrou, orgulhosa, sua carteirinha de vacinação. 

Foi em maio do ano passado que, apesar de ter vários fatores de risco, e no auge da primeira onda da doença, ela se inscreveu para vagas de CTD (Contrato por Tempo Determinado) e escolheu trabalhar no Emílio Ribas. Quando começaram os testes clínicos da vacina, Monica também se voluntariou para os testes. No começo deste ano, ela contou em reportagem ao site do Conselho Regional de Enfermagem que já tinha tomado duas doses, sem nenhum tipo de reação. "Sou monitorada periodicamente. Como foi escolhida agora, pode-se imaginar que ela tinha tomado placebo.
Antes de fazer faculdade de Enfermagem, Mônica atuou como auxiliar da área por 26 anos. O diploma foi obtido aos 47. "É lógico que eu tenho me cuidado muito a pandemia toda. Preciso estar saudável para me dedicar. Quem tem o dom de cuidar do outro sabe sentir sua dor e jamais o abandona," disse ela.
A enfermeira é viúva e mora com o filho Felipe, de 30 anos. Nenhum dos dois se contaminou, mas seu irmão caçula, de 44 anos, auxiliar de enfermagem, pegou covid-19 e ficou internado por 20 dias. No início do ano, em entrevista ao Estadão, ela contou que tinha medo do contágio mas que estava esperançosa com a vacina. "Na primeira onda, a gente tinha os hospitais de campanha. Agora, está mais complicado", relatou.

Primeira indígena

Outros profissionais de saúde receberam a primeira dose da vacina no Hospital das Clínicas. Entre eles, Vanuzia Santos, técnica em enfermagem - a primeira indígena a ser vacinada. Ela vive na aldeia multiétnica Filhos Dessa Terra, em Guarulhos, e tem 50 anos.
"Fiquei muito feliz de participar. Sou defensora da vida, de outras vacinas. Devemos valorizar a educação, a ciência, e isso pode ser conciliado mantendo uma crença, com as rezas e a medicina tradicional do meu povo", afirmou por meio da assessoria de imprensa do governo paulista.
Vanuzia, que tem um filho de 24 anos, preside o Conselho do Povo Kaimbé e se formou em Assistência Social no ano passado pela PUC-SP - o que conseguiu, segundo disse, com muitas dificuldades.

 

Com informações do Estadão Conteúdo


compartilhe