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FaceApp: especialistas alertam sobre segurança de dados nos aplicativos

O programa voltou à tona transformando fotos do usuário no sexo oposto

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Se você é usuário das redes sociais, certamente já viu alguma montagem feita pelo FaceApp, o aplicativo que voltou a ser febre nas últimas semanas. Usuários estão usando o programa para brincar com as imagens e fazer uma projeção de como seriam se fossem do sexo oposto. Entretanto, por trás da diversão, o fato traz à tona a preocupação com o uso de dados pelos aplicativos dessa natureza. Como saber se nossas informações estão protegidas?

A orientação dos especialistas no assunto é simples: é preciso estar atento à política de privacidade dos aplicativos. No próprio FaceApp fica claro que o programa pode acessar fotos, dados de redes sociais e geolocalização, por exemplo. “Além disso, a política explica que uma parte do serviço que é disponibilizada para o usuário, para fazer a transformação da foto, está armazenada em provedores de nuvem. Então, ele deixa claro que a imagem é encaminhada para a nuvem e permanece lá por até 48 horas, sendo excluída posteriormente”, explica Luciano Ignaczak, coordenador do curso de Segurança da Informação da Unisinos. 

Segundo o docente, isso acontece porque os dispositivos móveis, como os smartphones, não têm capacidade suficiente para executar determinados serviços. “É o caso do processamento de imagem feito pelo FaceApp. Esse serviço precisa ser feito na nuvem, por exigir mais poder computacional para ser feita a transformação daquela foto, fazendo uma alteração de idade ou de gênero. Muitas vezes o celular não tem capacidade de processamento, então é natural que um aplicativo acabe enviando informações para a nuvem”, esclarece.

A professora dos cursos de tecnologia da Universidade La Salle, Andrea Krob, também reforça a importância de estar ciente dos termos de uso dos aplicativos. “Os usuários devem ler os termos de uso e tomar ciência das informações que estão fornecendo ao software, bem como avaliar qual o propósito desta coleta de dados. Em caso de dúvida, o ideal é não baixar a ferramenta. Outra dica é verificar a fonte de download tentando identificar se a origem é confiável. É importante lembrar que não existe ‘aplicativo grátis’. Se não tem custo, o usuário está pagando com suas próprias informações”, reitera Andrea. 

De acordo com os dois especialistas, a partir do momento que o aplicativo deixa claro as permissões necessárias para o seu uso (imagens, dados de login e geolocalização, por exemplo), permitindo que o usuário as aceite ou não, e que explica em sua política de privacidade qual uso fará destas informações, não pode ser considerado que ele “roube” os dados. “O aplicativo em questão alerta o usuário que o processamento da foto editada é feita nos servidores da empresa, diretamente na nuvem. Ou seja, existe o consentimento do usuário com o uso da sua imagem. O programa também alerta nos termos de uso que as informações compartilhadas passam a não ser mais privadas, podendo a empresa detentora do aplicativo fazer o que quiser com os dados. Os usuários concordam e autorizam no momento que fazem a instalação da ferramenta”, destaca Andrea.

Usuários precisam começar a ler as regras dos aplicativos

Luciano também ressalta que, na política de privacidade do FaceApp, há um tópico que explica que durante o período em que os dados estão armazenados nos servidores da empresa, ela pode ser alvo de algum incidente de segurança - como ataque de hackers. “Entretanto, qualquer empresa está suscetível a este tipo de problema e os usuários precisam ter noção deste risco, que a partir do momento que compartilho minhas informações com uma empresa, ela pode ser alvo de ataques cibernéticos”, explica. 

Apesar de não ser o caso do FaceApp, é notório que alguns aplicativos podem pedir permissões além do necessário para executar sua função. “Muitos programas que parecem inofensivos (como os app de filtro de fotos, jogos ou testes de personalidade) são usados como atrativos para conseguir informações pessoais, visando compartilhamento ou comercialização dos dados. É preciso estar alerta para não enviar informações pessoais sem ter ideia de como esses dados serão utilizados posteriormente”, reforça a professora Andrea. 

Para evitar problemas,o público precisa fazer sua parte. De acordo com Luciano, é preciso que seja feita uma mudança de cultura e que os usuários passem a investir tempo na leitura das políticas de privacidade dos aplicativos que baixam em seus dispositivos. “É muito comum, ainda mais com o aumento cada vez maior da oferta de aplicativos, que ao baixá-los, as pessoas só enxerguem o famoso ‘concordo’ e não se aprofundem nas informações”, afirma. “Porém, é preciso reforçar a importância da leitura dos termos de uso dos programas, pois lá está explícito quais dados serão coletados e o que é feito com eles. Além disso, há uma frase famosa na área de segurança que é: “se você não está pagando para usar um produto, o produto é você’. Ou seja, ao instalar um aplicativo no seu celular, você está provendo dados para que ele possa, de alguma forma, ganhar dinheiro e manter o serviço”, explica o docente.

 


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