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Mulheres ainda enfrentam desafios em profissões consideradas como masculinas

“Alguns acham que não tenho força e que sou frágil para tal função”, relata a inspetora de tráfego Josiane Vitória ao falar sobre sua profissão

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Para alguns, pode até parecer ultrapassado, mas ainda hoje, há quem acredite que existem profissões feitas para serem desempenhadas “por homens” e outras, “por mulheres”. A atribuição, em geral, depende das habilidades e da condição física de cada um. 

Funções que exigem força ou que são mais perigosas e exaustivas, por exemplo, são consideradas muito “masculinas” para serem desempenhadas pelas mulheres. Quando questionadas, porém, sobre quais os principais desafios enfrentados nessas profissões, não é surpreendente que a dificuldade relatada por elas não seja o trabalho em si, mas o preconceito que existe na sociedade em relação aos papéis que vêm ocupando.

A inspetora de tráfego, Josiane Vitória de Oliveira Garcia Pinto, trabalha na Ecosul - empresa concessionária de rodovias - há dois anos. A profissional entrou na concessionária como operadora de pedágio e desde de dezembro de 2021 ocupa o novo posto. Entre as suas atribuições, estão a realização de socorro mecânico, monitoramento das faixas de domínio, verificação de sinalização e apoio em ocorrências de acidentes. “A rotina na inspeção é bem tranquila”, comenta.

O maior desafio de Josiane até poderia ser a prestação de serviços e apoio aos usuários nos mais de 450 km de estradas do Polo Rodoviário Pelotas, mas não é. O maior obstáculo da profissão é a desconfiança em seu trabalho, pelo fato de ser mulher. “Alguns se assustam quando chego para trocar um pneu, achando que não terei força, ou que sou frágil para tal função. Já passei por essa situação, inclusive com uma mulher, que me pediu para chamar o guincho. Meu maior prazer foi ter feito a troca e mostrado à ela que somos capazes de fazer o que queremos”, conta.

Ações para promover a equidade são fundamentais 

Para mudar esse cenário, a inspetora acredita que cada vez mais mulheres devem ocupar cargos como o seu.“É importante para mostrar que somos fortes e que podemos fazer tudo o que um homem faz, com a mesma dedicação e responsabilidade”, enfatiza.

Por isso, cabe às empresas criarem ações que busquem garantir a equidade de gênero e ofereçam às mulheres oportunidades para cargos que ainda são vistos como “masculinos”. A empresa em que Josiane trabalha, por exemplo, criou o Projeto Mulheres Ecosul, como forma de promover equidade, acolhimento e protagonismo.

Entre as ações práticas a serem implementadas pela empresa com a iniciativa, estão a ampliação de oportunidades de carreira, a mudança nos uniformes, o aumento da participação feminina em cargos de liderança, além de uma campanha contra o assédio - esta última, foi lançada já no final do ano passado. 

“É muito bom saber que a empresa onde trabalhamos dá oportunidades para nós mulheres e que nos valoriza, acredita na nossa capacidade de exercer funções que até pouco tempo eram exclusivas para homens”, finaliza Josiane. Atualmente, a concessionária tem 52,4% dos cargos ocupados por mulheres.

por Vitória Nunes Soares

Como boa repórter, está sempre pronta para aprender sobre todas as coisas. Tem estilo low profile, ou seja, é meio sumida das redes sociais pois prefere viver.


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