Primeiro emprego em plena pandemia

A pandemia afetou a empregabilidade no país. A taxa de desemprego foi para 14,2% no trimestre móvel encerrado em janeiro de 2021, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Entretanto, olhando para o outro lado da moeda, temos aqueles que foram contratados durante esse período e tiveram de se adaptar a um novo modelo de trabalho.

Muitos funcionários tiveram seu primeiro dia de trabalho em casa, sem ao menos conhecer os chefes e colegas pessoalmente - uma dinâmica um tanto quanto diferente. A adaptação vai além das funções que são delegadas, é preciso se adaptar a uma rotina que mistura a vida pessoal, profissional e, em alguns casos, acadêmica.

Home office vira uma realidade

Vitória Soares é estudante de jornalismo e estagiária em uma agência de comunicação e reputação de marcas. A questão de não se adaptar ao fluxo de tarefas e à nova função no ambiente online era o maior receio dela quando foi contratada devido à distância, que acaba dificultando a comunicação. “Por mais avançada que seja a tecnologia, ela não é tão instantânea quanto dividir uma sala”, relata.

Mas essa ambientação não é responsabilidade apenas do funcionário. Segundo o coordenador do curso de Relações Humanas da Unisinos, Alexandre Viegas, o desempenho do empregado também vai ser influenciado pela forma como a empresa vai receber e acolher nesse cenário desconhecido. “Essa adaptação também passa pelos relacionamentos criados entre os colegas de trabalho”, comenta Alexandre.

Relações tiveram de ser adaptadas

Para Alexandre, é justamente através das relações que os funcionários entregam resultados e que é possível criar um clima organizacional saudável que estimule o relacionamento interpessoal mesmo com o trabalho remoto. Vitória relata que existe sim contato, mas é muito limitado às reuniões e grupos de WhatsApp. “Prejudica a troca de experiências, ajudas e, às vezes, até uma conversa descontraída”, destacou.

A dificuldade na comunicação com os superiores também é um fator que dificulta o home office e a organização das tarefas. Então, para suprir essa dificuldade, além de se manter em contato constante com sua chefe, Vitória criou métodos de agendas digitais e analógicas para não se perder nas tarefas e melhorar sua produtividade.

Além desses pontos a estagiária também falou sobre como a vida acaba ficando monótona com o home office. “Tudo é resolvido ali, na frente do computador”, comentou. “A dinâmica se sair da faculdade, ir para o trabalho, ir para casa, sair com os amigos não existe mais, todas essas interações agora são feitas através da mesma tela”, complementa.

Período também é de aprendizados

Apesar de todos os desafios, o período também tem sido de aprendizado. Para Vitória, um dos destaques é a necessidade de independência. “É preciso aprender a ser mais independente. Tem que aprender a se virar, a ir atrás das informações, pois não tem uma pessoa do lado pra te orientar o tempo todo”, relata. 

Outra habilidade que ganhou destaque na experiência da estudante foi a autonomia. “Esse período veio pra somar também nessa questão, da pessoa ter mais autonomia para fazer as suas tarefas e atender as demandas. Além da comunicação, pois somos obrigados a nos comunicar uns com os outros, pra entender o que acontece. Como as pessoas estão distantes, o trabalho é mais colaborativo, no sentido de ter o acompanhamento do que cada um está fazendo e o que contribui pro trabalho geral”, aponta. 

O professor Alexandre destaca algumas habilidades que é preciso desenvolver para aprender a lidar com esse tipo de situação sem afetar a saúde mental: empatia, inteligência emocional, domínio de tecnologia, autoconhecimento, negociação, gerenciar conflitos, resiliência, adaptabilidade e principalmente um modo modelo mental de abertura para novas perspectivas. "É importante manter um bom diálogo com a empresa e a família, além de estabelecer limites e fazer acordos quanto a gestão do seu tempo”, finaliza.