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43% das mulheres grávidas sofrem discriminação no trabalho

Profissionais ainda enfrentam barreiras para conciliar a carreira com a maternidade

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O último relatório quadrienal do Instituto Holandês de Direitos Humanos revela que, mais de duas em cada cinco mulheres grávidas e recém mães enfrentam alguma forma de discriminação no trabalho relacionada à maternidade. Infelizmente, a escolha de se tornar mãe ainda é vista como um “peso” na carreira das mulheres.

Os números do estudo não são animadores:

– 1 em cada 5 mulheres foi rejeitada nas candidaturas por conta da gravidez, maternidade ou desejo de ter filhos;

– 34% das mulheres que estavam prestes a assinar um novo contrato revelou que as condições mudaram ou foram rejeitadas no último minuto por conta de sua gravidez;

– 49% de todas as mulheres em trabalhos temporários não tiveram seus contratos renovados por causa de sua gravidez ou, em alguns casos, não foram convertidos em um contrato permanente;

– 26% de todas as funcionárias que engravidam são discriminadas em termos de condições de trabalho. Perdem promoções, aumentos salariais ou bônus, não podem seguir cursos de capacitação ou têm problemas com o retorno ao trabalho após a licença-maternidade;

– 34% das mulheres suspeitas de serem discriminadas identificam suas experiências como discriminação, mas apenas 11% que procuram emprego e se sentem discriminadas denunciam.

A cofundadora da consultoria Maternidade nas Empresas, Luciana Cattony, relata que sua experiência nas companhias confirma que o dilema em conciliar maternidade e carreira, nos dias de hoje, ainda é muito presente. “A FGV fez uma pesquisa em 2016 e descobriu que 48% das mães, após dois anos do retorno da licença, não estão mais nos ambientes corporativos. Um número bastante alto. Por outro lado, as mulheres são maioria dos empreendedores no Brasil, correspondendo a 51% do número total de empreendedores, segundo a McKinsey & Company. Se pararmos para analisar esses dois dados juntos a gente se pergunta: será que as mulheres empreendem por escolha ou por falta de opção?”, questiona. 

Luciana destaca que abandonar a carreira, empreender ou voltar ao trabalho pós filhos tem que ser uma escolha consciente e não uma falta de oportunidade. “E para lidarmos melhor com esse dilema, é preciso entender a maternidade como um processo de autodesenvolvimento, já que desenvolve várias habilidades na mulher.  Pelo desconhecimento disso, muitas mulheres são demitidas no retorno da licença e por isso, cria-se essa cultura de que ser mãe é um obstáculo na vida profissional”, explica.

O que falta nas empresas?

Os números mostram que é preciso mudar a realidade nas empresas. Mas como isso pode ser feito? Para Luciana, é necessário criar um local de trabalho inclusivo onde as funcionárias possam ser bem-sucedidas, se sentindo produtivas e incluídas antes e depois da maternidade, é uma forma de reter seus talentos a longo prazo, de favorecer a inovação e aumentar a lucratividade das empresas. “Já se sabe que as empresas que têm uma maior presença feminina no topo das organizações são mais propensas a ter uma rentabilidade acima da média. À medida que o mundo dos negócios se torna cada vez mais competitivo, as organizações não podem se dar ao luxo de perder as contribuições dos seus talentos femininos”, explica.


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