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Alta dos alimentos: como blindar seu bolso

Alimentos como o óleo de soja subiram mais de 107% em Porto Alegre e a tendência é de alta, inclusive para as ceias

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A alta no preço dos alimentos já se tornou uma das principais preocupações para as famílias nesse final de ano. A cesta básica de Porto Alegre teve aumento de 5,16% em outubro em relação ao mês anterior e passou a custar R$ 581,39. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o item que ficou mais caro no último ano foi o óleo: a alta chegou a 107,06%, o que significa praticamente dobrar de preço.

Outros alimentos que também tiveram alta expressiva foram o arroz, que está 78,97% mais caro em relação ao mesmo período do ano passado, seguido pelo tomate, que subiu 53,38% e do feijão, custando 53,36% a mais. 

“É importante as pessoas terem a noção de que, dificilmente, o salário irá acompanhar a inflação. O aumento dos gastos tende a ser superior ao da renda. Com essa noção, as famílias devem montar uma reserva de emergência e evitar dívidas, a fim de que possam enfrentar momentos de alta nos preços”, é o alerta trazido pelo professor e coordenador do Núcleo de Inteligência Financeira da Faculdade Senac de Porto Alegre, Marcelo Pinto. 

Mas e na prática, como as famílias podem tentar driblar este aumento e manter o orçamento doméstico? De acordo com o professor do programa de pós-graduação em Economia da Unisinos, Guilherme Stein, o segredo pode estar na substituição de produtos. A alta expressiva no preço de alimentos específicos encoraja os consumidores a trocarem alguns itens da sua cesta de consumo por outros similares, mas que não sofreram uma alta tão significativa.

Por exemplo, em 2020, o macarrão teve um aumento de preço bem menor do que o arroz e, talvez, seja possível considerar a possibilidade de substituir um pelo outro. “Um aumento em preços de bens que fazem parte da cesta de boa parte das famílias como, por exemplo, o arroz, é como se fosse um choque negativo na renda delas: agora com o mesmo salário elas são incapazes de acessar cestas de consumo que antes estavam disponíveis. Por isso é necessário substituir na medida do possível e reduzir o consumo dos bens não essenciais para manter o orçamento estabelecido”, destaca o docente. 

Cenário reforça a importância da organização financeira

Outra hábito essencial diante dessa situação é o conhecimento detalhado da situação financeira por parte das famílias. Se organizar financeiramente virou uma necessidade. De acordo com Guilherme, isso envolve criar uma planilha com a sua renda e seus gastos mensais, separando esses últimos em grupos de acordo com a importância. “Uma vez feito isso, talvez seja interessante as famílias criarem um planejamento financeiro simples, estabelecendo metas de curto e de longo prazo”, indica.

Segundo o professor, uma meta de curto prazo poderia ser estabelecer um orçamento (um “teto de gastos” familiar) e segui-lo à risca tentando reduzir despesas não essenciais. “Como forma de motivação, metas de longo prazo também são importantes. Alguns exemplos seriam quitar dívidas, poupar para uma aposentadoria mais tranquila ou adquirir algum bem como uma casa própria”, explica.

Também faz parte da mudança acabar com hábitos que possam prejudicar as finanças, como por exemplo, fazer gastos desnecessários e por impulso. “É muito fácil se deixar levar pela rotina e obrigações diárias e, com isso, perder o controle de nossas finanças pessoais. Acabamos fazendo gastos por impulso, com coisas que não precisamos de verdade. É importante termos sempre em mente que cada gasto que fazemos tem um custo de oportunidade, isto é, cada real que gastamos com algo que não precisamos é um a menos que teremos para realizar algo que realmente é importante para nós”, alerta Guilherme. 

O professor Marcelo também destaca que, as decisões tomadas com base em emoções sempre serão danosas ao orçamento das pessoas. “Estes comportamentos, em regra, resultam em gastos supérfluos, que não contribuem para o desenvolvimento e satisfação do indivíduo”, explica. “A organização financeira inicia com a prática de comportamentos diários que sejam orientados pela razão, tais como, por exemplo, ter autocontrole, ter paciência e não ser reativo. À medida que tais comportamentos são desenvolvidos, o indivíduo tende a tomar melhores decisões com o dinheiro”, orienta. 

Ceias de final de ano viram preocupação

Final de ano é sinônimo de comidas típicas e mesa farta. Porém, em 2020, este momento tão esperado exigirá cautela por parte dos consumidores. Aqui também vale o conselho geral: pesquisar o melhor preço, buscando substituir aqueles produtos que subiram muito de preço por similares mais baratos.

Entretanto, sabemos que as ceias de Natal e Ano Novo são ocasiões especiais de confraternização com a família e amigos e, portanto, não são os melhores momentos para se economizar. Conforme indica o professor Guilherme, vale a pena economizar um pouco durante os meses anteriores agora para poder celebrar do jeito que se gostaria. “Se reforça, portanto, a ideia de que o equilíbrio e planejamento financeiro ao longo do ano é o que permite uma liberdade financeira maior para que se possa passar a virada do ano celebrando com tranquilidade”, ressalta. 

 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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