União é alternativa para o empreendedorismo feminino
Inovação e empreendedorismo feminino são tema de palco no Gramado Summit
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Já é ponto pacífico que empreender no Brasil tem dificuldades extras em relação a outros países do mundo. Falta de incentivo, burocracia excessiva, cara tributária, dificuldade de acesso a um ambiente de inovação são apenas alguns dos entraves mais comuns. A situação não muda muito no Rio Grande do Sul.
Recentemente, a Endeavor lançou o Índice de Cidades Empreendedoras, um ranking do empreendedorismo no Brasil, e o Rio Grande do Sul tem apenas 7 municípios entre os 100 que mais fomentam a atividade empreendedora no Brasil. São eles: Porto Alegre (9º lugar) , Canoas (20º lugar), Caxias do Sul (29º lugar), Santa Maria (36º lugar), Gravataí (51º lugar) e Pelotas (73º lugar).
Em março, o empreendedorismo e a inovação vão ser o centro das atenções na Serra Gaúcha. O Gramado Summit vai reunir 140 palestrantes de diferentes segmentos, de grandes a pequenas empresas, para gerar conteúdo, promover reflexões e apontar caminhos. Pela primeira vez o evento contará também com um palco exclusivamente dedicado ao empreendedorismo feminino, que conta com a curadoria do coletivo Minas de Propósito. Conversamos com Miriã Antunes, fundadora do coletivo para falarmos sobre as particularidades da situação das mulheres no empreendedorismo e o que esperar do evento. Confere:
Sabemos que o empreendedorismo nem sempre é escolha, mas sim necessidade para as mulheres. Como isso muda a forma como a sociedade deve apoiá-las? Existe esse apoio?
Ainda vivemos em uma sociedade machista com falta de sororidade entre as mulheres, pois enquanto os homens perpetuam a cultura de protegerem uns aos outros, muitas mulheres ainda se enxergam como concorrentes e inimigas. O nosso papel justamente enquanto coletivo de empoderamento feminino é romper essa cultura que separa ao invés de unir as mulheres. Essa competição, aliada a síndrome da sabotadora, faz com que nós percamos muitas vagas nas empresas que atuamos e aí então nos vemos obrigadas a empreender
As gaúchas enfrentam alguma dificuldade extra para empreender?
Vivemos em um estado bairrista, sexista, racista e isso implica em menos espaço ainda para as mulheres, o que faz com que tenhamos mais trabalho para romper as fronteiras do preconceito e desigualdades para as mulheres.
O Gramado Summit vai renuir mulheres em papel de liderança em empresas grandes e pequenas. O que uma pode ensinar para a outra?
O Palco do Minas foi feito com muito cuidado para que todas as mulheres sejam ouvidas, tanto as que hoje possuem alcance nacional e ocupam altos cargos em multinacionais, como mulheres que tiveram que empreender e vivem como MEI tocando seus pequenos negócios. A essência dessa pluralidade palco diz muito sobre o quanto sempre podemos aprender umas com as outras. Vivemos os mesmos desafios em diferentes lugares, organizações, dia a dia, mas quando sabemos que não estamos sozinhas e quando podemos nos inspirar no empoderamento de outras mulheres nos tornamos muito mais fortes e fazemos parte de uma rede muito potente de mulheres.
A pandemia ajudou ou piorou a situação da mulher empreendedora? Já é possível avaliar?
A pandemia piorou a economia como um todo não só para mulheres mas para homens também. Mas também ajudou muitos negócios a nascerem no online sem tantos investimentos iniciais, como curadoras de conteúdo e ouvintes de muitas histórias de mulheres. Existem muitos relatos positivos e negativos diante do cenário que ainda estamos aprendendo a administrar. Mas o que eu posso dizer é que a união das mulheres tem feito muita diferença para que mulheres comprem de mulheres e juntas possamos não só fortalecer nossos espaços, mas nossos negócios também!