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Negócios & Finanças

5 artistas mulheres com obras expostas na Bienal do Mercosul para conhecer

Selecionamos os trabalhos de algumas das quase 40 artistas que compõem o circuito da 13ª Bienal do Mercosul

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Depois da realização de uma edição virtual devido à pandemia, a Bienal do Mercosul volta a ocupar diversos espaços culturais de Porto Alegre. E, entre tantas obras e expositores, destacam-se alguns nomes femininos. Neste ano, o número de artistas mulheres que integram a mostra internacional soma quase 40 e o Bella+ selecionou os trabalhos de algumas delas para você conhecer. Veja a seguir obras que têm despertado a curiosidade do público na 13ª Bienal.

1. Adrianna Eu

Adrianna nasceu no Rio de Janeiro, em 1972. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

Refletir sobre quem somos e o que realmente queremos está no centro da instalação de Adrianna Eu. Um garimpo de si propõe um mergulho subjetivo a partir da experiência de sonhar de olhos abertos: adentrar as vísceras daquilo que somos e nos tornamos ao longo da vida. Garimpar deriva do verbo grimpar, que significa subir por um terreno difícil. 

Em meio a um emaranhado de linhas, peneiras suspensas balançam em um vai e vem incessante. Escadas pintadas de preto remetem ao escuro dos olhos fechados ou àquilo que velamos por não suportarmos, levando-nos pelos caminhos labirínticos e complexos do inconsciente. Em um país garimpado de tantas formas e a qualquer custo, a artista nos coloca diante de uma reflexão urgente.

2. Anna Costa e Silva & Nanda Félix

Anna Costa e Silva e Nanda Félix nasceram no Rio de Janeiro, em 1988 e 1981, respectivamente. Ambas vivem e trabalham no Rio de Janeiro, Brasil.

Por favor leiam para que eu descanse em paz é um filme instalativo que nasceu da descoberta inesperada de memórias de MC, avó de Nanda Félix. No envelope encontrado após a sua morte – no qual se lia a frase que intitula a obra –, a artista deparou-se com um laudo psicológico que organizava em tópicos a saúde mental de sua avó e um conjunto de cartas que MC trocara com um padre por mais de 16 anos. A correspondência relatava sensações, experiências de solidão e opressão no casamento, bem como a passagem de MC por uma clínica psiquiátrica para tratar uma depressão pós-parto. 

O trabalho de Anna Costa e Silva e Nanda Félix abre um dispositivo de escuta para outras mulheres contarem suas histórias, criando um espaço coletivo para elaborar e ressignificar traumas pessoais. A experiência de silenciamento vivida no passado, de uma intensidade revelada apenas após a morte de MC, transforma-se em um estímulo para que outras mulheres abram envelopes e, juntas, transformem traumas em voz.

3. Beatrice Wanjiku

Beatrice nasceu em Nairobi, no Quênia, em 1978. Vive e trabalha na mesma cidade de seu nascimento.

Em sua obra, Beatrice Wanjiku lida com memórias, questões de gênero e reflexões sobre a humanidade a partir de um olhar que nasce de sua subjetividade para endereçar questões e histórias coletivas. A pesquisa de Wankiju centra-se em investigar como vivemos em um estado de permanente transição e adaptação, explorando como os ambientes socioculturais, econômicos e políticos em que vivemos nos afetam. 

As pinturas fazem parte de uma série em que a artista explora o útero como alegoria de começos, renascimentos e transições. O corpo humano é desconstruído e distorcido até os ossos, expondo a carne e os músculos que o formam, criando figuras que oscilam entre a realidade imaginada e o mundo concreto. Para a artista, o corpo sem pele é metáfora que aponta para a possibilidade de nos despirmos de nossas pretensões e desejos de poder como humanidade, abrindo espaço para explorarmos nossas vidas e o modo como influenciamos o entorno e expondo uma conexão universal.

4. Karola Braga

Karola nasceu em São Caetano do Sul, Brasil, em 1988. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.

As conexões entre cheiros, palavras e memória são centrais na pesquisa poética de Karola Braga. O projeto Em suas mãos surpreende o visitante em um espaço inusitado: os banheiros dos espaços expositivos. Saboneteiras confeccionadas em latão são acompanhadas por sabonetes líquidos com diferentes aromas, que variam desde os mais familiares até os mais complexos, convidando o visitante a revisitar ou criar memórias. 

Já em Lágrimas, terra e crisântemo, um lençol é embebido em cheiro de luto – formado pelos aromas que dão título à obra – e, preso em um varal, libera seu aroma quando movimentado pelo vento. A artista inverte a ideia de assepsia relacionada a um lençol limpo, branco, secando no varal, provocando o visitante com o cheiro que dele se desprende.

5. Panmela Castro

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1981. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil.

O foco da poética de Panmela Castro é o que ela chama de "busca incessante de afeto”. No centro de sua produção estão as relações de alteridade e as questões ligadas ao sentimento de pertencimento. A artista desenvolve obras a partir de diferentes memórias, transitando pelas ruas como uma andarilha em um processo de deriva afetiva, em busca de novos vínculos e conexões com aquilo que a cerca e com a arte. 

Na Bienal, Castro apresenta uma série de cinco instalações de spray sobre espelho, espalhadas em diferentes espaços (Casa de Cultura Mario Quintana, MARGS e Cais). Mulher pioneira na pichação, prática até então majoritariamente masculina, a artista usa suas vivências para evocar a sensação de transgressão que cada um de nós carrega, com frases escritas na ausência de olhos julgadores. A pichação é deixada para os outros, ao passo que, por estarem escritas em espelhos, quem lê repete as frases para si mesmo.


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