Enchente de 1936, enchente de 1965 e ‘moradores das ilhas’

Enchente de 1936, enchente de 1965 e ‘moradores das ilhas’

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Enchente de 1936

Tempos atrás, minha avó Antonia Nunes da Silva, natural da Ilha Grande dos Marinheiros, bem como alguns ancestrais e descendentes, residiu na Ilha Grande dos Marinheiros, Ilha Domingos José Lopes e Ilha da Pintada. Foi professora nessas ilhas e deixou documentos e fotos durante seu trabalho. Em um ofício, enviado para o Prefeito do Município, descreve a enchente de 1936 nas ilhas. "Eu, Antônia Nunes da Silva, venho expor o motivo porque deixei a Ilha Domingos José Lopes, não como abandono da aula e sim, por força maior: a grande enchente de 1936. Eu só abandonei minha casa no dia 10 de outubro de 1936 quando a água atingiu proporções de pedir socorro. Um flagelo. As embarcações eram insuficientes para acudir os flagelados de número superior a 200. Foram enormes os prejuízos, pois cheguei na Pedreira, quarto distrito, no dia assim indicado debaixo de chuva torrencial, em uma gasolina de nome Serrinho. Tinha como comandante João da Silva Figueiró Filho e como auxiliar de socorro um praça da Brigada de nome João, a quem dei cem mil réis de gratificação a cada um, como um valioso prêmio por terem salvo nossas vidas".
Nety Maria Heleres Carrion, Porto Alegre, via e-mail

Enchente de 1965

Comecei no jornalismo a 31 de agosto de 1965 no Diário de Notícias. Nesse dia, tive duas pautas mornas, mas, em 1º de setembro, o secretário de Redação e o chefe de Reportagem, os jornalistas Olinto Oliveira e Celito De Grandi, decidiram que eu dedicaria o meu turno à procura de água, pois estava em curso a grande enchente de 1965. Dessa data em diante e por mais um mês, não fiz outra coisa. Acompanhado de um fotógrafo, embarcávamos em um jipe e seguíamos para nossa rotineira missão. Como lá se vão 58 anos, confesso que é difícil fazer uma comparação com o momento atual. Muita coisa mudou, mas lembro a água galgando célere os degraus da então Doca das Frutas, em frente ao Palácio do Comércio. Lembro do novo edifício Santa Cruz, que tinha subsolo, acionando suas comportas -- uma novidade -- quando o esgoto pluvial ameaçava espraiar-se pela Rua Sete de Setembro. As idas eram diárias a Canoas e a São Leopoldo, onde as enchentes não davam trégua. Enfim, as lembranças ainda estão na memória, mas jamais imaginei que viveria para vivenciar novamente a tragédia de 65.
Luiz Carlos Vaz, Porto Alegre, via e-mail

‘Moradores das ilhas’

Em resposta à opinião da leitora Ana Paula Souza Ramos, “Moradores das ilhas” (CP, 27/9), cabe enfatizar que a prioridade da gestão municipal são as pessoas, em especial as que estão em áreas de vulnerabilidade social. Na região das ilhas, equipes da prefeitura estão desde o início do mês trabalhando no resgate e acolhimento de moradores e dos animais.
Prefeitura Municipal de Porto Alegre


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