Impasse entre os blocos econômicos
A contrariedade de Macron (França) e de MIlei (Argentina) ao avanço das negociações para firmar o entendimento entre Mercosul e União Europeia exige do Brasil a busca de propostas para salvar o acordo.
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O acordo entre Mercosul e União Europeia é um tratado de livre comércio que tem como objetivo elidir as barreiras de natureza tarifárias e não tarifárias existentes entre os dois polos comerciais. Esse entendimento comum foi buscado por mais de 20 anos por diversos governos, tanto da região da América do Sul quanto da Europa, e foi formalizado em 2019. Todavia, depois de uma perspectiva de avanços, foi surgindo uma série de impedimentos que agora parecem paralisar os progressos que foram alcançados. Entre os percalços estão as declarações de Javier Milei durante a campanha que resultou em sua eleição na Argentina. Afirmou o presidente eleito: “Eu sou contra o acordo Mercosul-União Europeia. (…) Esse acordo, no fundo, não leva em conta a biodiversidade do clima”. Não bastasse a oposição de Milei, o presidente da França, Emmanuel Macron, reforçou sua contrariedade e declarou que o Mercosul não cumpre com os compromissos que foram assumidos no Acordo de Paris.
Esses dois óbices a serem equacionados demandam uma consistente atuação do Brasil, a maior economia do bloco, e de outros integrantes. Como já é sabido e consabido, Macron, no fundo, quer defender os produtores rurais do seu país e, por isso, coloca restrições que têm um fundo protecionista em prol de sua própria economia. Quanto a Milei, ainda é uma incógnita qual será sua atitude depois de tomar posse, que está marcada para este 10 de dezembro no vizinho país. Há expectativa de que, descendo do palanque, ele se torne mais pragmático em negociações comerciais importantes e necessárias para as nações desta parte do continente.
Esses obstáculos aumentam a responsabilidade do governo brasileiro no sentido de buscar e propor soluções para demover os governos recalcitrantes de suas posições imediatistas e isoladas. As trocas comerciais, bem como as transferências de tecnologias, podem fomentar o progresso e elevar o Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil e nos demais membros dos blocos econômicos.