O varejo da pirataria e seus danos ao país

O varejo da pirataria e seus danos ao país

As autoridades não terão êxito sem a colaboração da coletividade. Cada vez que alguém adquire um item pirata, além de correr riscos diversos, ajuda a fortalecer o poderio econômico do crime organizado.

Correio do Povo

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Uma ação policial integrada em âmbito nacional, com participação de agentes de 12 unidades da federação, e contando com a colaboração dos governos de diversos países, como Estados Unidos, Reino Unido, Peru e Argentina, buscou coibir a prática da pirataria em aplicativos ou em diversos sites de acesso ilegal a jogos do campeonato inglês, disponibilizados para milhares de usuários sem autorização, com evasão de recursos e apropriação indevida de valores de outrem. A operação foi deflagrada nesta terça-feira e houve o cumprimento da ordem de bloqueio de 606 portais irregulares, sendo 238 hospedados no Brasil, 328 no Peru e 40 no Reino Unido. Aproximadamente cem das páginas retiradas do ar eram especializadas na transmissão da Premier League, a primeira divisão do Campeonato Inglês de Futebol. Também foram bloqueados 19 aplicativos de streaming.

Esse fato é parte do combate a ser feito todos os dias contra o comércio criminoso de produtos e de serviços. Segundo a Receita Federal, em 2022, o prejuízo para os cofres públicos ficou em torno de R$ 350 bilhões, montante desviado de investimentos em educação, saúde, ciência, cultura, transporte, saneamento, agricultura familiar, entre outros. Além disso, o lucro fácil desse segmento, que atua num amplo varejo que vai desde máquinas e galpões para produção, estocagem de bebidas, peças de carros, tênis e até remédios falsos para animais de estimação, serve à capitalização do crime organizado, que, assim, pode investir em novos delitos, como nos assaltos a banco e no tráfico de drogas.

Esses delitos têm de ser coibidos pelas autoridades, mas elas não terão êxito se não puderem contar com a colaboração da coletividade. Cada vez que alguém adquire um bem pirata, além de se colocar em risco nesse ato de consumo, por serem utilidades fora das normas de segurança, ainda ajuda a fortalecer o poderio econômico dos meliantes. É por isso que tal apoio tácito e perigoso precisa ser revisto por conta das consequências danosas que lhe seguem.

 


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