Generalizações indevidas

Generalizações indevidas

Viver em coletividade implica desfazer mitos e estereótipos com injustas generalizações que devem ser banidas em nome do bom senso e da civilidade. Preconceitos precisam ser combatidos com firmeza e rigor.

Correio do Povo

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Na década de 70, uma peça publicitária divulgada pelo Conselho Nacional de Propaganda (CNP) instava as empresas a não mais veicular a expressão “idade máxima até os 40 anos” em seus anúncios de recrutamento de mão de obra. A justificativa era que as pessoas com idade superior a essa tinham uma experiência acumulada da qual a sociedade não poderia prescindir. Na época, a média de vida do brasileiro girava em torno de 57 anos e uma pessoa com 40 anos, portanto já teria vivido cerca de 2/3 da sua projeção de existência. Claro que nos dias de hoje, a fixação dessa idade como parâmetro social de termo de uma vida produtiva soaria muito estranho, já que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os brasileiros estão vivendo, em média, 76,2 anos. Aliás, seria mesmo estranhável fixar qualquer faixa etária como limite, já que vive-se mais e temos uma legislação protetiva que veda esse tipo de imposição.

Esse entendimento, que, felizmente, foi e continua sendo combatido recebeu a denominação de etarismo e é o preconceito contra um indivíduo por conta de sua idade, atingindo, principalmente os idosos. É mais um de vários estigmas contra determinados segmentos. Assim ocorre com o capacitismo, que consiste numa espécie de metonímia da pessoa com deficiência, reduzindo o PCD à sua deficiência, física, intelectual ou sensorial, sem ver todo o seu potencial. Temos ainda o racismo, incrustado na coletividade, que adjetiva a pessoa a partir da cor da sua pele, ou a avaliação depreciativa a partir do local de moradia, como no caso de quem mora na periferia das grandes cidades, a exemplo das favelas.

Viver em coletividade implica desfazer mitos e estereótipos com injustas generalizações que devem ser banidas em nome do bom senso e da civilidade. Além disso, temos uma legislação a ser observada para fazer com que aqueles que insistem com condutas inapropriadas respondam por seus atos que constituam delitos. A par disso, o ideal é a mudança de mentalidades rumo a uma convivência mais respeitosa.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895