O barato que sempre sai caro

O barato que sempre sai caro

Fica visível que temos aqui um caso em que todos perdem e somente os delinquentes ganham. A evasão de recursos que poderiam ser usados em prol da população mostra que o barato pode sair muito caro.

Correio do Povo

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No dia a dia, milhares de brasileiros acabam consumindo produtos e serviços irregulares, trazendo riscos para sua integridade física e psicológica, colocando o bem-estar das crianças em risco, como no caso de brinquedos, bem como contribuindo para a evasão de recursos que poderiam ser aplicados pelos entes federados em serviços essenciais, como saúde, educação, saneamento, infraestrutura, transporte, segurança e geração de emprego e renda. Trata-se de uma conduta individual que aponta contra o interesse coletivo no curto prazo e, no médio e longo prazos, acaba por voltar-se contra os que realizam esses atos de compra. Ao fim e ao cabo, uma minoria acaba enriquecendo por meio desse lucro fácil e os órgãos públicos ficam com menos recursos orçamentários para cumprir com suas obrigações. Não dá também para esquecer que, por detrás desse varejo ilícito, existem organizações criminosas que vão se capitalizando para atuar em outros tipos de iniciativas delituosas, como assalto a banco, tráfico de drogas, contrabando de pessoas, entre outras práticas condenáveis.


Um levantamento apresentado pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) estimou em mais de R$ 300 bilhões as perdas com o comércio de itens piratas, que envolve a aquisição de produtos em 15 setores, como audiovisual, bebidas alcoólicas, brinquedos, celulares, cigarros, combustíveis, computadores de mesa, defensivos agrícolas, higiene pessoal, material esportivo, óculos, perfumaria e cosméticos, perfumes importados, softwares, TV por assinatura. O percentual de prejuízo para o erário gira em torno de R$ 100 bilhões. Fica visível que temos aqui um caso em que todos perdem e somente os delinquentes ganham. Com isso, evidencia-se que somente a atuação repressiva das autoridades não é suficiente, sendo necessário que a população se conscientize de que não pode contribuir, direta ou indiretamente, para fortalecer grupos fora da lei. Temos mais uma vez aqui a confirmação daquela máxima de que o barato pode sair muito caro.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895