Os importantes avisos do clima

Há exemplos importantes sobre as mudanças climáticas que ocorrem há décadas de forma lenta, no início, mas com rapidez nos últimos 20 anos no Sul e no Norte do Brasil, como excesso de chuvas no Rio Grande do Sul e estiagens na bacia amazônica. No RS, em Santa Catarina e no Paraná, por exemplo, as precipitações continuam e estão mantendo os altos níveis dos rios que correm na região ampliando os problemas que afligem os três estados há mais de um mês. Em oposição, ao norte, uma estiagem significativa atinge os rios Negro, Solimões e Madeira, três dos grandes afluentes do rio Amazonas, que está causando grandes perdas que envolvem o comércio e a saúde dos habitantes locais.

Para o governo do Amazonas, segundo a Agência Brasil, há falta de alimentos e de água potável, falta de comprometimento do transporte fluvial e também do enfrentamento às queimadas na região amazônica. Há mais de 40 municípios amazonenses em emergência devido à seca e dezenas em estado de alerta. As causas dos eventos extremos nestas regiões do país são atribuídas pelo Ministério do Meio Ambiente ao fenômeno natural El Niño e às mudanças climáticas.

Há indicações dos meteorologistas de que na segunda quinzena deste mês de outubro as precipitações irão continuar e manterão os altos níveis dos rios, que continuarão a afetar as populações ribeirinhas. Não se pode esquecer da magnitude dos eventos que atingiram o Rio Grande do Sul com o início das chuvas torrenciais que mudaram, ao longo do mês de setembro, a geografia do Estado. Ruas foram transformadas em rios, morreram quase 50 pessoas, foram resgatadas de mais de três mil e quase cinco mil ficaram desabrigados. Iniciava-se, na noite de 3 de setembro, o chamado Flagelo do El Niño que terminou com o histórico fechamento das comportas do Muro da Mauá, quando o nível do Guaíba subiu ultrapassando marcas históricas e as águas transbordaram no Cais do Porto. Foi a maior cheia desde a grande enchente de 1941. São avisos do clima que não podem mais ser subestimados.