Continuidade a fim de atingir êxitos

Continuidade a fim de atingir êxitos

Apostar num horizonte de maior independência em face dos grandes laboratórios e fornecedores mundiais deve sim ser algo a ser perseguido pelo país, pois temos uma das maiores economias do planeta.

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Uma das coisas que, muitas vezes, em meio a um regime democrático, é alvo de críticas da população diz respeito à continuidade de projetos de um governo para outro. Há muitas iniciativas que são do poder público como um todo nas três esferas, federal, estadual e municipal, mas que acabam sendo interrompidas por uma outra gestão que, não raro, quer imprimir sua própria marca durante seu mandado e, por isso, opta por não dar continuidade a uma medida que foi implementada por seu antecessor. Esse hiato, frequentemente, tem como resultado a interrupção de serviços demandados pela população. Quando isso ocorre em áreas essenciais, como em educação, saúde, saneamento, infraestrutura, entre outros, o impacto costuma ser desfavorável para as comunidades.

Agora, o governo federal está anunciando a meta de produzir 70% dos insumos em saúde em 10 anos, retomando ações já iniciadas há duas décadas. De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, estão previstos aportes de R$ 42,1 bilhões para atingir esse objetivo. Parte desse valor será viabilizado via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com investimentos nos laboratórios públicos, voltados para a Hemobrás, visando quadruplicar a produção de vacinas, que ela considera “um grande instrumento para a saúde regularmente e para as situações de pandemia”. 

Apostar num horizonte de maior independência em face dos grandes laboratórios e fornecedores mundiais deve sim ser algo a ser perseguido pelo Brasil, pois trata-se de uma das maiores economias do planeta e, portanto, precisa estar munida de alta tecnologia e de pesquisas que coloquem o país num cenário de competitividade na produção de fármacos. A par disso, temos o SUS, que disponibiliza desde os tratamentos mais simples até aqueles que implicam maior complexidade. Em todos eles, o papel das pesquisas é fundamental para alinhar ciência, vida e saúde coletiva. Mas, nisso, há que manterem os elos temporais que interligam tais programas.

 


Correio do Povo
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