Um dia para reviver nossas façanhas

Um dia para reviver nossas façanhas

Somos gaúchos. Somos plurais entre sotaques de todas as nossas regiões. Somos campo e metrópole. Somos de quem nasceu aqui e de quem adotou esse chão. Somos um povo que tem um baita orgulho de reviver suas origens.

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Neste 20 de setembro, em todo o RS e alhures, em vários rincões do território nacional e do exterior, milhares de gaúchos estarão voltados para sua história e para sua cultura. É um dia para exaltar os valentes, homens e mulheres, que, em tempos idos, tiveram a coragem e a audácia de desafiar o poder central do Império Brasileiro para defender os interesses desta província. Inicialmente, a luta era por mais atenção para uma pauta de defesa dos nossos produtos e, depois, se transformou na implementação de uma República em pleno pampa, abrindo uma dissidência que viria a lançar raízes que culminariam no fim da escravidão e de um regime de privilégios. Foi para enfrentar esse sistema carcomido que se levantaram guerreiros e guerreiras como Bento Gonçalves, Antônio de Souza Neto, Giuseppe Garibaldi, Anita Garibaldi, Gomes Jardim, entre muitos outros. 
Não foi fácil sustentar essa guerra por uma década e essa façanha é algo que merece respeito e admiração. Basta lembrar que Pernambuco, por enfrentar os reinados de dom João VI e de dom Pedro I, perdeu cerca de dois terços de seus domínios, o que serve para dimensionar o tamanho das adversidades que os farrapos enfrentaram, conseguindo se manter unidos e preservar esta terra com sua relativa autonomia ao final do conflito, inclusive com uma paz honrosa que demonstraria sua pujança e importância estratégica no cenário da nação.
Hoje em dia, resgatada a paz e relegadas as divergências para os livros didáticos, temos uma inserção real no Brasil. Somos plurais, com um passado histórico, vários sotaques, uma cultura que irmana ao pé do fogo num chimarrão ou numa roda de conversa num bar, num parque ou num churrasco de domingo. Somos maragatos e chimangos, gremistas ou colorados, modernos ou saudosistas, interioranos ou citadinos. Usamos “tchê” para chamar alguém e “bah!” para expressar nossa admiração ou encantamento. Somos assim, com esse jeito guerreiro de ser gaúcho e farroupilha, honrando lenços e legados. Por isso, comemoramos. Salve o 20 de Setembro! 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895