Um contingente a ser contemplado

Um contingente a ser contemplado

Um levantamento efetuado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania revela que, em 2022, 236,4 mil pessoas viviam em situação de rua no país. A assistência social tem que visualizar esse segmento.

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O Brasil é um país que integra o seleto grupo das maiores economias do planeta, mas, desafortunadamente, tem um grande leque de problemas socioeconômicos, muitos deles oriundos de uma histórica má distribuição de renda. Essas disparidades acabam afetando a necessária prestação de serviços do setor público à população em áreas fundamentais, como educação, saúde, saneamento, infraestrutura e geração de emprego e de renda, entre outras. As políticas públicas são essenciais para superar esses impasses e garantir o acesso coletivo a patamares melhores de bem-estar, elevando o índice de desenvolvimento humano (IDH) da nação. Medido pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostra o Brasil em posição constrangedora nesse ranking, ocupando a 87ª posição no ranking entre 191 países em levantamento recentemente realizado.

Uma das muitas questões a serem equacionadas no nosso cotidiano diz respeito à população de rua. Um levantamento efetuado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania revela que, em 2022, 236,4 mil pessoas viviam em situação de rua em todo o território nacional. Trata-se de pessoas invisíveis para a sociedade, necessitando de suportes nem sempre existentes para que possam ter uma oportunidade de reverter sua situação de vulnerabilidade. Elas têm dificuldade de acesso à alimentação, a hospitais, vivem sem a segurança de um teto e estão sujeitos a todo o tipo de perigo, principalmente em áreas de risco conflagradas pelo tráfico de drogas. Perdem sua identidade e os vínculos afetivos, necessitando de retomar sua autoestima e capacidade produtiva por meio da qualificação profissional.

Para implementar iniciativas eficazes no sentido de contemplar esse segmento hipossuficiente, é preciso que ele esteja presente no orçamento destinado para a assistência social. Enquanto tivermos em nosso meio cidadãos e cidadãs tolhidos no exercício de sua cidadania plena, em condições precárias de sobrevivência, ainda estaremos longe da almejada justiça social.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895