Avanço com a devida preservação

Avanço com a devida preservação

Vivemos numa sociedade em que a depredação é frequente e se beneficia de uma certa indiferença com o patrimônio público. É desejável uma conciliação entre o que temos hoje e o que queremos construir.

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No momento em que Porto Alegre vivencia um debate acerca do seu plano diretor, para definir em que rumo seguirá a maior cidade do Rio Grande do Sul no tocante ao seu desenvolvimento, é preciso saber aliar passado e futuro na medida em que seus moradores possam desfrutar de seus encantos sem serem privados de adentrar em novos tempos, com tecnologias até então nunca antes imaginadas, mantendo o encanto tradicional da metrópole, com sua história e suas particularidades. Avançar conservando talvez seja uma expressão que traduza um sentimento da coletividade e cabe ao poder público e à iniciativa privada interpretar esse entendimento, apostando no progresso sem descurar da memória de um povo que tem muito que se orgulhar do legado dos seus antepassados.

Nesse sentido, é preciso fazer obras de vulto, como as que foram realizadas por ocasião da Copa do Mundo de 2014 ou as referentes à orla do Guaíba, bem como é necessário ter uma atenção redobrada para itens como monumentos, imóveis e espaços urbanos que representem a história citadina. Um exemplo que está sendo alvo de demandas de vários segmentos da cultura local é a Casa Elétrica, que abrigou a primeira fábrica de vinil do Estado e a segunda da América Latina e onde foi prensado o primeiro disco de tango na América Latina. Assim como esse prédio relevante, há muitos outros que merecem ser protegidos. Esse inventário tem que ser feito com a urgência que os casos requerem, pois a deterioração do tempo é implacável e não espera, além de desatualizar orçamentos e tornar tudo mais caro.

Vivemos numa sociedade em que a depredação é frequente e se beneficia de uma certa indiferença com o patrimônio público. Também existe a constante alegação dos entes responsáveis de dificuldades financeiras para novos empreendimentos e para a conservação do mobiliário pelo qual lhe cabe zelar. É desejável que se possa fazer uma conciliação entre o que temos hoje e o que queremos construir em nome da nossa identidade como povo.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895