A paixão pelo jornalismo começou cedo, no antigo curso primário, hoje Ensino Fundamental. O gosto pela escrita resultou em algumas medalhas em “concursos de composição/redação” do Colégio São Miguel.
A paixão pelas letras só cresceu, mas o fator decisivo para abraçar a carreira foi o hábito de ler jornais desde cedo. É um vício mantido até hoje, a partir das 5h30min.
Parte do caso de amor que mantenho há mais de 40 anos com o jornalismo se deve a uma rotina sagrada de meu pai nos domingos. Depois de irmos ao culto, na Igreja Evangélica Luterana São Paulo, fazíamos plantão na estação rodoviária de Arroio do Meio.
O nervosismo só terminava quando o ônibus do Expresso Azul surgia. Aí eu esfregava as mãos para conter a ansiedade. O torturante ritual seguia com a espera até que todos os passageiros desembarcassem.
Só depois ele descarregava o fardo de jornais, quando meus olhos de guri curioso brilhavam. Pacientemente, o funcionário cortava as tiras que prendiam os exemplares do Correio do Povo. O “Correião”, como era chamado o veículo impresso mais influente do Rio Grande do Sul. O apelido se deve ao tamanho “standard” da publicação, semelhante aos congêneres do Rio de Janeiro e São Paulo.
Em casa, de posse do exemplar dominical, meu pai separava os cadernos, enquanto eu, ansioso, esperava a entrega do Correio Infantil. Era o suplemento dedicado ao público infantil e que se destacou pelo protagonismo dos jovens leitores, nas décadas de 1950 a 1980, com a participação ativa através de cartas e histórias.
A seção continha concursos de perguntas, cujos acertos resultavam em sorteios de prêmios. Os passatempos instigavam a criatividade e a cognição da gurizada. Foi o empurrão definitivo para despertar minha eterna paixão pelo jornalismo.
Dia 1°, quando o Correio do Povo completou 130 anos, visitei os amigos do jornal. Ao vislumbrar uma máquina linotipo restaurada, exposta no andar térreo, este filme passou por minha cabeça e coração. O “Correião” está moderno, com formato ágil, tecnológico e segmentado. O principal atributo – de compromisso com a verdade e como o Rio Grande – continua intacto, mais de um século depois.
Muito obrigado a todos que contribuíram para manter o Correio do Povo fiel aos seus princípios e valores. E que fez deste jornalista um eterno apaixonado.
