Economia circular e o poder da informação
A injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações ou pessoas
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Você já deve ter ouvido falar sobre economia circular. Este é um conceito que associa desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais. Por meio de novos modelos de negócios e otimização nos processos de fabricação, tendo menor dependência de matéria-prima virgem, esse sistema prioriza insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis. A indústria é um dos principais agentes para essa transformação. Isso porque é a partir dela que a geração de produtos passa a lidar, de forma mais eficiente, com uma economia que preza pela baixa emissão de carbono, trabalhando com tecnologias limpas e processos mais eficientes.
Recentemente estive em viagem. A companhia aérea distribuiu uma embalagem que informava ser composta de “plástico 100% reciclado”. O conteúdo realmente é composto por material reciclado, mas realizado em processo de Reciclagem Pós-industrial (PIR - Post Industrial Recycled). A resina PIR é feita de resíduos ou materiais de embalagens de plástico processado que não chegam a ir para consumo. Por isso, nunca constituíram fator de poluição ambiental, já que estão sob tutela e responsabilidade das empresas, com Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Diferente dos materiais pós-consumo (PCR - Post Consumer Recycled), produzidos através de embalagens descartadas, o produto de Reciclagem Pós-Industrial é feito de materiais que nunca chegaram ao consumidor e são criados como subprodutos do processo de fabricação. O PCR caracteriza, hoje, o grande desafio de logística reversa e reciclagem no Brasil, pois deve envolver sociedade, governos e empresas, gerando custo e viabilidade diferentes do PIR.
As empresas de reciclagem PCR têm enfrentado o problema de concorrência com materiais pós-industriais que, de forma subliminar, se passam por solucionadores do problema ambiental. Ao analisar o trabalho realizado nos dois processos, sabemos que a reciclagem PCR é mais custosa e desafiadora tecnicamente, sendo alvo de um “greenwashing” (a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações ou pessoas), talvez por falta de entendimento das empresas, dos governantes e da sociedade como um todo.
Precisamos focar em soluções eficientes para a diferenciação dos processos de reciclagem. É nossa obrigação, como indústria transformadora de plástico, instruir e alertar a todos sobre como materiais PIR sabotam as iniciativas reais da economia circular e logística reversa, incentivando a criação de projetos de leis absurdos pelo país no sentido de banimento dos plásticos do nosso dia a dia.