Recentemente, foi divulgada na imprensa uma lista das 50 escolas com as maiores médias do país no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e as 10 melhores, por Estado. O levantamento foi feito por uma empresa de tecnologia, a partir da base de dados do Inep.
A primeira reação, e a mais comum, de quem não está dentro do universo escolar é pensar que não temos escolas privadas de qualidade no Rio Grande do Sul. Mas, o assunto merece uma análise e reflexão aprofundadas. Será que é correto relacionar a qualidade da escola tão somente por um indicador, composto pela nota de alguns alunos no Enem? “Alguns”, porque nem todos participam da prova, faz quem quer.
Certamente não. É claro que as escolas se atentam para os conteúdos que são trabalhados no Enem, mas não é só isso. As instituições, na grande maioria, não focam seu tempo só preparando os alunos para obterem as melhores notas no Enem. Elas estão preocupadas com outros conteúdos. E aqui podemos citar os projetos de iniciação científica, robótica, programação, além das competências socioemocionais que têm sido tão importantes quanto o conteúdo curricular.
Esses estudantes que estarão no mercado de trabalho daqui a alguns anos vão precisar de outras habilidades, ou seja, mais do que saber fórmulas… Não queremos, em hipótese alguma, dizer que o conteúdo não é relevante. Ele importa sim, mas o trabalho no Ensino Médio vai muito além de preparar os alunos para a prova do Enem ou qualquer exame de larga escala. A escola é uma grande agência civilizatória, antes de qualquer coisa.
Outra questão que precisa ser considerada é o número de alunos participantes da prova, que tem caído a cada ano. Muitos já não têm mais o sonho de estudar em uma universidade pública, almejam instituições privadas ou fazem outros planos como morar fora, fazer cursos técnicos ou até mesmo empreenderem. E para isso, o desempenho no Enem não se torna uma prioridade.
Por todas essas questões que o Inep, de forma muito assertiva, desde 2017 não tem mais divulgado ranking das escolas no exame com o argumento de que o Enem não avalia a escola. Então, fica a pergunta: a quem interessaria tal divulgação?