Como mitigar os desastres naturais?

Como mitigar os desastres naturais?

Penso que sempre devemos respeitar o contexto, os recursos e o cenário de uma realidade numa comparação.

Felipe Camozzato

publicidade

As enchentes urbanas são uma ameaça persistente, mas as cidades têm o poder de adotar medidas eficazes para preveni-las ou reduzir seus impactos. Um planejamento urbano adequado, sistemas de gerenciamento de águas e investimentos em infraestrutura são algumas das estratégias que as prefeituras, em conjunto com o governo do Estado, podem começar a implantar no Rio Grande do Sul.

Após a tragédia ocorrida no Vale do Taquari, que marcou profundamente com um rastro de destruição e morte, é imperativo que seja possível tirarmos alguns importantes ensinamentos para começarmos a modificar essa realidade. Com o objetivo de evitar ou amenizar as perdas materiais e humanas, será preciso investir em zoneamento de inundações, realocação de moradores de áreas de risco, adaptações de construções e criação de sistemas de alerta, entre outras medidas.

Depois dos desastres com enchentes de 2008, Blumenau, por exemplo, criou mecanismos para prevenir novas catástrofes. A cidade catarinense teve quase 3 mil deslizamentos. Para mitigar riscos, foram feitos mapas geológicos, estudo de movimentação e ocupação do solo, com o trabalho de monitoramento da chuva. Se formos mais além, podemos também aprender com o exemplo japonês sobre o tema. Penso que sempre devemos respeitar o contexto, os recursos e o cenário de uma realidade numa comparação. No entanto, é impossível não observar com admiração a eficiência dos nipônicos.

Historicamente, a capital Tóquio investe em sua infraestrutura urbana e segue reconstruindo a sua malha de drenagem, assim como construindo novas imensas galerias subterrâneas de captação de água, também chamadas de cisternas. De forma alguma, podemos ignorar o exemplo japonês com a justificativa de que é um país rico. É preciso lembrar que nem sempre o país asiático foi rico e que iniciou os investimentos em infraestrutura muitas décadas atrás.

É lamentável observarmos que investimentos fundamentais como saneamento e drenagem urbana são postergados, tendo em vista que grande parte desse sistema é subterrâneo e fica escondido na paisagem das cidades. Nesse sentido, será meu papel defender, na Assembleia Legislativa, ferramentas para que o trabalho voltado à prevenção possa ser aprimorado no Estado. Infelizmente, os períodos de chuva no RS serão intensificados, sendo possivelmente um processo sem volta — um cenário novo para o qual os municípios terão que se adaptar.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895