Setembro Amarelo: precisamos falar sobre suicídio

Setembro Amarelo: precisamos falar sobre suicídio

O pensamento de “não vou perguntar para não dar ideia” é uma falácia.

Lorena Caleffi

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Quarta maior causa de morte de pessoas com idade entre 15 e 29 anos, o suicídio tira, anualmente, mais de 700 mil vidas em todo o mundo, estima a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais alarmante que esses números, no entanto, é a quantidade de pessoas que tentam o suicídio. Isso porque a tentativa prévia de morte autoprovocada é um importante fator de risco para consumar o ato.

É por essa razão que gestos simples e sem custo têm ainda mais força: o ouvir e o conversar. Ao contrário do imaginário popular, que acredita que falar sobre suicídio pode incentivá-lo, tocar no assunto pode ser determinante para salvar alguém com ideação suicida. O pensamento de “não vou perguntar para não dar ideia” é uma falácia. Na verdade, ao manifestarem-se os primeiros indícios, a ideia já existe.

Mas como saber se uma pessoa está precisando de ajuda? Embora não seja fácil, existem alguns sinais que evidenciam que alguém está em sofrimento ou passando por dificuldades.

A perda de interesse e de prazer nas atividades diárias, associadas a um humor triste recorrente, por mais de três semanas, podem ser indicativos de alerta. Queixas de perda de apetite, insônia ou sono ruim também são sintomas que não podem ser ignorados. Casos mais graves, nos quais a pessoa não interage mais, não conversa mais, não quer sair de casa e sequer atende ao telefone precisam de atenção extrema, pois podem esconder um quadro de depressão grave, grande fator de risco para o suicídio.

Ao identificar qualquer um desses sintomas, é fundamental promover uma conversa aberta, sem julgamento, acolhendo o indivíduo e oferecendo ajuda. Argumentos como “você tem tudo, sua família te ama” devem ser evitados e substituídos pela genuína vontade de prestar apoio.

Quando houver abertura, o mais importante é recomendar que se busque um acompanhamento especializado, com médico psiquiatra. Quadros mais sérios podem ser encaminhados diretamente para as emergências psiquiátricas locais. 

Existe um mito de que quem quer dar fim à própria vida não avisa, mas, pelo contrário, avisa, sim. Só precisamos saber identificar a mensagem.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895