Aumenta já!

Aumenta já!

O Rio Grande vive uma instabilidade permanente.

Sérgio Arnoud

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Após nove anos de congelamento salarial em uma inflação acumulada de 67,08 %, em que os servidores públicos estaduais tiveram uma mísera reposição de 6%, eles estão como que numa máquina do tempo paralisada: vivem na realidade os preços de 2023 com salários de 2015. Como medida necessária, exigimos o mesmo tratamento que o PJ, MP, Defensoria e TC, que terão reajuste de 12% em duas parcelas. Aumenta já! 

Nesse contexto, encontra-se o vale-refeição, que continua no valor de RS 12,22 ao dia, transformando em vale-lanche essa conquista histórica dos trabalhadores brasileiros. E com uma coparticipação de 6% dos servidores, o que faz com que aqueles que ganham acima de 4.480,00 nada recebam, pois o valor é absorvido pela coparticipação. Nesse sentido, além do aumento urgente desse valor, é necessária a revisão dessa coparticipação, com uma revisita à legislação existente. Trata-se de uma verba indenizatória essencial, urgente e que não traz outras repercussões. Aumenta já!

O valor do vale-transporte, outra conquista histórica dos sindicatos brasileiros, continua inalterado e inferior ao custo de qualquer linha de transporte existente. Dá só para a ida ao serviço. Aumenta já! 

O governo Eduardo Leite protagonizou no mandato anterior a assinatura da renegociação da dívida, induzindo a sociedade gaúcha e os deputados a um equívoco histórico. À época, a Fessergs, sindicatos, associações e centrais alertaram para a gravidade daquele compromisso que comprometeria a saúde, sobrevivência e desenvolvimento do Estado. Fomos vencidos e agora a própria Secretária da Fazenda admite que não há como honrar esse compromisso que, além do mais, transferiu as decisões econômicas e a autonomia do Estado para a órbita federal. E, no acordo da renegociação, oficializou-se que o custo dos ajustes seria jogado nas costas dos servidores, com condicionante do limite prudencial, em que o governo arrocha salários para se enquadrar nas condições leoninas impostas. 

O Rio Grande vive uma instabilidade permanente. Não apenas climática, em que a Fessergs e seus sindicatos se solidarizam com as vítimas da tragédia ambiental, coletando e entregando doações, mas também de governança, eis que estamos decaindo em todos os indicadores econômicos, começando pela qualidade de vida, tais como educação, saúde e demais. O percentual reservado para investimentos é de pouco mais de 1%. Atenta a esse cenário, cabe mais uma vez à Fessergs, CSB, centrais, sindicatos e associações, renovar esse grito de alerta. Por isso, estamos oferecendo a oportunidade para que gaúchos, servidores ou não, manifestem-se em repúdios ao estado mínimo que nos empurra para baixo e em apoio ao Estado que queremos, capaz de oferecer qualidade de vida sustentável a todos.
Por isso, bradamos: “Aumenta já!”.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895