O Rio Grande do Sul precisa de um centro estadual de meteorologia

O Rio Grande do Sul precisa de um centro estadual de meteorologia

É difícil entender por que não foram tomadas ações mais efetivas de prevenção.

Bruno Ribeiro

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O número de fatalidades associado às enchentes no Vale do Taquari deixou todos perplexos. É difícil entender por que não foram tomadas ações mais efetivas de prevenção. Havia consenso entre meteorologistas (e eu sou um deles) sobre o grande potencial de enchentes no centro e norte do Rio Grande do Sul com pelo menos três dias de antecedência. Seria possível organizar várias ações para prevenir a população e reduzir o número de fatalidades. Por que, então, a resposta das autoridades não foi mais eficiente?

Um dos principais problemas no Rio Grande do Sul é a falta de um centro de monitoramento meteorológico estadual. Embora exista a Defesa Civil estadual e Defesas Civis municipais, esses órgãos geralmente não contam com monitoramento meteorológico 24 horas por dia, sete dias por semana. Desse modo, a Defesa Civil geralmente utiliza avisos e alertas emitidos por órgãos nacionais, como o Instituto Nacional de Meteorologia e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. A limitação dos centros nacionais é que as equipes monitoram o país inteiro, que tem uma área enorme. Portanto, esses órgãos não conseguem fazer um monitoramento eficaz de regiões menores, o que é fundamental em situações de enchentes como a ocorrida na última semana.

A única maneira de lidar com esta situação é a fundação de um centro de monitoramento meteorológico estadual. O centro contaria com uma equipe de profissionais focados apenas no Rio Grande do Sul, com conhecimento profundo do clima do Estado e das áreas mais vulneráveis. Com isso, poderiam trabalhar em conjunto com os centros nacionais para emitir alertas muito mais precisos para a Defesa Civil, aumentando consideravelmente a eficiência das ações de prevenção. O Estado conta com duas universidades com cursos de meteorologia e diversos centros de pesquisa na área os quais poderiam prover ferramentas e recursos humanos necessários em um centro de monitoramento.

Outros estados comumente atingidos por eventos meteorológicos extremos, como Santa Catarina, já possuem centros estaduais. O Rio Grande do Sul, por ser muito afetado por eventos extremos, precisa urgentemente de um centro estadual para gerar alertas mais eficientes. A classe política precisa utilizar os últimos desastres naturais como um ponto inicial para a criação de um centro estadual. Essa iniciativa seria um passo muito importante para evitar que catástrofes como a da semana passada se repitam.


Correio do Povo
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