Política de resultados, ressuscite!

Política de resultados, ressuscite!

Promessas ilusionistas com o futuro.

Everton Braz

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Podemos negar o sentido de uma opinião, mas nunca deixar de respeitar o direito do outro de opinar, principalmente diante do pensamento divergente. Aqueles que pensam diferente não são nossos inimigos. São uma referência, inclusive negativa, e não há mal nenhum nisso. Tudo ensina, especialmente a corrente discordante.

Mesmo 33 anos após a queda do muro de Berlim e do fim da Guerra Fria, ainda persistimos na incapacidade que nega o pensamento contrário. Na política, o antagonismo não é criminoso, as militâncias, independentemente de suas cores e crenças, hão de ser respeitadas, e os óculos sobre a vida, bem, cada um veste aquilo que lhe cabe. A verdade é que política é diálogo, o contrário é que não é política. 

De ânimos aguçados e desestimuladores da temperança, é o sentimentalismo eleitoral e a polarização que vendem manchete de jornal, embora não seja esse o humor da maioria do Brasil e do Rio Grande do Sul. O Instituto Pesquisa de Opinião (IPO) perguntou aos gaúchos como eles se classificam no quesito ideologia. A resposta mostrou que quase 40% dos entrevistados não possuem posição ideológica definida e 15,4% se consideram de centro. É a prova de que, apesar do grenalismo político fazer barulho, a maior parte da população não se enquadra em nenhum dos extremos.

As eleições municipais de 2024 hão de dar esse recado. Afinal, para eleger vereadores e prefeitos, precisamos discutir problemas e soluções que impactam diretamente no dia a dia das pessoas e não fomentar um discurso colérico que retroalimenta o ódio nas comunidades. O próximo pleito municipal será uma oportunidade única para virarmos o debate público na direção dos problemas não resolvidos da sociedade.

Sim, há ideais estúpidos e descabidos na política. E sempre haverá. Promessas ilusionistas com o futuro. Contra elas, porém, temos muitos argumentos: a vida real escancarada de esgotamentos. Educação que não ensina, segurança insegura, desemprego na rua, fome na família, economia que patina. As eleições municipais sabem muito bem do que se trata: resultados. É sobre trabalho, menos discurso, mais mão na massa.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895