Natália Ferrari: ‘Senti um frio na barriga em Reis’

Natália Ferrari: ‘Senti um frio na barriga em Reis’

Atriz da Record TV é entrevistada de Luciamem Winck para o Caderno de Sábado

Luciamem Winck

Natália Ferrari: "Eu me emociono vendo o quanto as pessoas se envolvem com personagens que passamos tanto tempo criando e dando vida"

publicidade

Natália Ferrari estreou em Reis - A Ingratidão como Arrava após dar vida à israelita Sâmila na primeira temporada da série. Natural de Piracicaba (SP), iniciou os estudos de interpretação aos 12 anos. Já fez dublagem, é graduada em Relações Públicas e Publicidade, e tem no currículo três curtas-metragens, uma websérie e três peças. Estreou na teledramaturgia aos 28 anos, dando vida à personagem Sâmila. E agora retorna à série Reis com a personagem Arrava. “Arrava chegou, estou muito feliz. Fiquei emocionada de vê-la no ar. Arrava é um nome que, em hebraico, significa amor, então, é muito forte, já vem cheio de significado”, explicou Natália.

Estreaste em ‘Reis - A Decepção’ interpretando a israelita Sâmila na primeira temporada da série. Agora volta como Arrava. O que representou para você este novo desafio?
A nova personagem veio como uma oportunidade para eu me desafiar como atriz, pois pude dar vida a duas mulheres bem diferentes, logo na sequência e dentro do mesmo projeto. Tenho algumas técnicas que sempre uso para criação de personagem, mas nem tudo que funciona pra uma, funciona pra outra. Ou seja, sempre há espaço para novos aprendizados, para testar abordagens diferentes e descobrir novas possibilidades dentro da minha interpretação.

Existe alguma semelhança entre Sâmila e Arrava?
Ambas foram criadas por mães solteiras, em ambientes de adversidade, então existem elementos de admiração, parceria e força feminina similares. Dito isso, Sâmila era mais doce e conquistou uma vida de mais segurança, conforto e proteção ainda jovem, enquanto Arrava precisa lutar por sua sobrevivência e de sua mãe sozinha, até a idade adulta.


Entraste pela primeira vez em um set nas gravações de "Reis". Como foi?
Senti um frio na barriga. Um nervosismo misturado com a sensação de estar chegando em casa. O tamanho dos estúdios, os cenários, a quantidade de luzes no teto e cabos nas paredes, tudo era mais grandioso do que eu imaginava. Pode ser um pouco intimidador no início, entender a quantidade de pessoas envolvidas na produção, de luzes e câmeras apontadas pra você, esperando você dar suas falas. Mas me acostumei rápido com isso e passei a adorar a sensação de entrar nos estúdios, de ver cada cenário montado e de trazer as câmeras pra dentro daquela história que estamos criando quando entramos na personagem.


Gostaste do resultado na TV?
Eu adoro ver o resultado na TV. Costumo ficar bem feliz depois de ver as minhas cenas. Também uso como aprendizado, fazendo uma avaliação do que eu gosto e o que eu acho que pode melhorar. Uma produção longa como Reis é interessante por conta disso, te oferece oportunidades de crescimento ao longo de toda a produção.

Como foi sua trajetória profissional até chegar em "Reis"?
Comecei a fazer teatro na escola mesmo, ainda criança. Um pouco depois iniciei aulas de canto. Enquanto cursava minha primeira faculdade, de Relações Públicas, consegui fazer também um curso profissionalizante em arte dramática. A essa altura eu tinha 19 anos e foi quando me mudei para São Paulo, me agenciei e comecei a procurar trabalho como atriz. Enquanto fazia alguns projetos independentes, peças de teatro e cursos extras, trabalhava em uma empresa e cursava minha segunda faculdade, de Publicidade. Segui trabalhando em escritório e me envolvendo ou criando projetos audiovisuais independentes até o convite para interpretar Sâmila, na 1ª temporada de Reis.

Como foi a recepção do público? De certa forma foste surpreendida por uma “chuva” de fãs?
A recepção foi ótima. Eu me emociono vendo o quanto as pessoas se envolvem com personagens que passamos tanto tempo criando e dando vida. Nosso trabalho de ator só existe por conta do público que nos assiste, e saber que estamos entrando na casa das pessoas e tocando a vida delas de alguma forma é gratificante. Eu não diria que fui surpreendida pela quantidade de fãs, pois já imaginava que uma superprodução como essa teria um público muito grande, mas me surpreendi com o envolvimento e com tantas mensagens de carinho me parabenizando pelo trabalho. Eu só tenho a agradecer.

És graduada em Relações Públicas e em Publicidade e Propaganda. Como a arte entrou na tua vida e como desse esta guinada na carreira?
Fui artista desde que consigo me lembrar. Apresentava peças de teatro em casa pra minha família e cantava pela casa dia e noite. Só gostava de desenhar palcos de teatro com grandes cortinas vermelhas e brincar de jogos que me permitissem criar personagens e personalidades diferentes. Era evidente para mim, desde que estava na escola, que eu queria trabalhar como atriz, então todos os caminhos que percorri foram em busca desse objetivo. De qualquer forma, também procurei ter outras opções de carreira e acredito que ambas as faculdades e minha experiência empresarial também me tornam uma melhor atriz. A oportunidade para participar de Reis veio depois de um curso intensivo promovido pela minha agência, durante o qual pude apresentar uma cena de filme a uma bancada de produtores de elenco.


O que representou o convite para integrar o elenco de atores da Record em tua vida?
Representou a oportunidade que eu busquei por tantos anos e a confirmação de que estive trilhando o caminho certo. Me sentia pronta pra encarar esse super desafio nesse momento da vida. Estou tendo a oportunidade de trabalhar em uma das maiores produções do Brasil, com atores que admirei por anos. Nunca me senti tão realizada.

Quais os teus planos para o futuro? Existem sonhos a serem concretizados?
Sinto que estou mais focada em viver intensamente o momento presente do que fazer muitos planos para o futuro. Vou procurar seguir trabalhando e me desafiando como atriz. Falando da vida pessoal, planejo adotar filhos daqui alguns anos.

Você casou recentemente. Seu marido também é artista?
Me casei em junho deste ano. Meu marido não é artista, ele trabalha no ramo empresarial, mas apoia minha vida nas artes e adora ouvir minhas histórias sobre gravações, preparação de personagem e tudo mais. Nesse tempo de muitas emoções, ele deixa tudo leve e me faz parar pra apreciar a grandeza e beleza do que estou vivendo.


É verdade que, em meio às gravações, você encontra tempo para realizar trabalhos voluntários? Fale um pouco sobre essas atividades...
Há anos eu considero o trabalho voluntário como uma das melhores formas de usar meu tempo livre. Comecei a me envolver em voluntariado no Lar dos Velhinhos de Piracicaba, na adolescência. Depois ajudei algumas ONGs de animais em feiras de adoção e outras funções. Fui coordenadora de um projeto que oferece aulas complementares a crianças durante dois anos. Hoje em dia, estou envolvida com a Rio Eco Pets, que trabalha com reciclagem de tampinhas e lacres, revertendo todo o dinheiro da venda para cuidados médicos e castração de animais carentes. Tem muito que podemos fazer nas nossas cidades mesmo! Eu costumo encontrar trabalhos voluntários pela plataforma Atados (atados.com.br).

Quais os seus sonhos na carreira?
Seguir trabalhando, crescendo e dando meu melhor a cada papel. Que as histórias que ajudo a contar toquem as pessoas de alguma forma.

 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895