Maurício Ribeiro, um dos valentes de "Reis"
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O ator Maurício Ribeiro está festejando 20 anos de carreira. Na Record, está com dois trabalhos no ar. Ele pode ser visto na reprise de “Jesus” e na série “Reis”, onde dá vida a Sibecai, um valente do rei Davi que tem grandes habilidades de guerra e mata o gigante Safe. Este é seu 11º trabalho na emissora. Natural de Juiz de Fora (MG), o artista tem 39 anos e se mudou para o Rio de Janeiro aos 18 anos para se dedicar à carreira artística. Desde então, entrou para o grupo de Teatro Fúria, de Domingos Oliveira, atuou em diversos espetáculos e dirigiu quatro peças teatrais. Maurício também dirigiu clipes musicais e comerciais.
Cursou Cinema na Universidade Gama Filho (UGF) e, atualmente, faz Faculdade de Produção Audiovisual e acabou de dirigir seu primeiro curta-metragem "O Lobo do Homem", que entrará em festivais nacionais e internacionais. Além dos trabalhos como ator e diretor, Maurício se prepara para o lançamento do seu single musical chamado "Dias Bons". Paralelamente à vida artística, o mineiro faz parte do Biné Instituto de Arte e Cultura, onde arrecada alimentos e doações para diversas instituições de Juiz de Fora através de espetáculos teatrais, como "Teófilo, Um Sonho de Liberdade" que em breve ganhará uma adaptação cinematográfica. Ele ainda promove campanhas de arrecadação de materiais escolares para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e workshop para desenvolver o empreendedorismo feminino, como o "Beleza e Arte.
Estás completando duas décadas de carreira com dois trabalhos no ar na Record TV. É o coroamento de tua carreira?
Não acredito em coroamento na minha profissão. Estou sempre em busca de evolução e crescimento como profissional e toda oportunidade de realizar um novo trabalho tem que ser aproveitada com respeito e disciplina. Mas é realizador completar 20 anos de carreira com trabalhos tão especiais no ar.
Em “Reis”, dás vida a Sibecai. Como foram os preparativos para a criação do personagem?
Estão sendo bem intensos, principalmente a preparação de luta com espadas que, para mim, é uma novidade. Estou desenvolvendo uma postura diferenciada para o personagem que, na história, foi treinado por Sama, um dos Valentes de Davi que ficou cego. Estou levando ele para uma postura mais auditiva durante as lutas. O workshop de montaria foi muito importante para a fixação da postura da personagem.
Há alguma semelhança entre você e Sibecai?
Estou vivendo uma fase de vida muito disciplinada e focada. Acredito que o destemido Sibecai carrega essas características sem deixar o coração se empedrar.
Este é o teu 11º trabalho na emissora. Como é trabalhar na Record TV?
Uma oportunidade incrível para mim como ator. Eu pude viver diversos personagens com características diferentes, desde surfista (Prova de Amor), músico (Alta Estação), Badboy (Luz do Sol), passando por Mutante super poderoso, chegando a apóstolo e agora um guerreiro bíblico. É um privilégio poder viver tantas vidas.
Fazer obras bíblicas na emissora não é novidade. Já estiveste nos elencos de A História de Ester (2010), José do Egito (2013), Milagres de Jesus (2014) e Jesus (2018) e também atuaste em novelas contemporâneas, como Prova de Amor (2005) e na trilogia de Os Mutantes (2007, 2008 e 2009). Como foram essas experiências e qual dos personagens mais gostaste de interpretar?
Todos foram únicos e, para falar a verdade, me apaixono profundamente por cada um deles de formas diferentes e por sentimentos distintos. Gostei muito de fazer mutantes, afinal quem não sonharia em fazer um super herói. Mas o apóstolo André foi um personagem que mexeu comigo espiritualmente e me trouxe mudanças estruturais no modo de pensar. Me reaproximou de uma versão minha que eu já havia esquecido: A da pureza da fé.
Na emissora, aliás, integraste o elenco do "Power Couple Brasil 2", em 2017? Foi teu maior desafio?
Foi muito tranquilo. Devido ao formato do programa - na época nós gravávamos em horários marcados -, tínhamos privacidade e adorava fazer as provas. Sempre gostei deste tipo de competição. Pena que na época a votação do público era só na final, ou seja, os próprios participantes eliminavam quem estava se destacando. Enfim, que bom que mudaram.
Natural de Juiz de Fora, foste morar no Rio de Janeiro há 21 anos, quando tinhas 18, para te dedicar à carreira artística. Valeu a pena?
Com certeza. A distância da família para mim foi como um impulso para me dedicar e correr atrás dos meus objetivos. Hoje, quando olho para trás, tenho plena convicção de que eu fiz a melhor escolha de todas. Do contrário hoje estaria apenas imaginando o que poderia ter sido.
Como foi tua participação no grupo de Teatro Fúria?
Fazer parte do grupo Fúria foi importantíssimo na minha tomada de decisão em ir para área da direção também. Ver a forma como o Domingos coordenava e dirigia seus alunos me abriu a cabeça para um prazer diferente dentro da arte: o de fazer outros atores se descobrirem e se encontrarem. As direções que vieram após esse período foram mera consequência da admiração pela inspiração e genialidade desse grande mestre.
Onde encontras tempo para tantas atividades praticamente simultâneas?
Pois é. A pandemia me fez despertar. Não só para a vida mas para o pouco tempo que temos nela. Os projetos engavetados começaram a me incomodar e a necessidade de me autoproduzir me levou a voltar ao estudo da parte burocrática que se faz necessária para tirar um projeto do papel. Ficar esperando ser chamado para atuar já não é mais um realidade confortável para mim e acredito que para a maioria dos atores do Brasil. A música também sempre fez parte da minha vida, então, resolvi compartilhar com o mundo a minha visão dela. Mas com calma e respeito ao tempo. Uma coisa de cada vez.
Em meio à agitada rotina de trabalho, ainda encontras tempo para exercer trabalhos sociais. A solidariedade, de certa forma, te conforta?
Na verdade, a solidariedade veio de forma natural na minha vida. Na escola ainda eu fazia parte de grupo jovem onde levávamos cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade. Com o passar dos anos nos espetáculos que fazíamos sempre colocávamos algum tipo de doação para ser arrecadada. A necessidade de aumentar essa proporção veio naturalmente com a percepção do que a comunidade realmente precisava. Minha parceria de mais de 15 anos com o ator e autor mineiro Adelino Benedito - cujo o nome do pai dá título à instituição - vai além do conforto. É uma missão que sabemos que é imensa e diante da atual realidade brasileira interminável infelizmente.
E projetos para o futuro?
Bom, alguns (risos). Temos a volta dos editais culturais que fomentam nossos sonhos. Dentre os projetos que temos eu destaco "Teófilo, um sonho de liberdade", que fala sobre um escravo libertarista que viveu em Minas e que vamos levar para a telona. E o espetáculo "Kyzo", que eu escrevi e aborda diversos assuntos como a psicologia e a religião na prevenção ao suicídio.