Mirage Circus conquista com beleza e alegria

Mirage Circus conquista com beleza e alegria

Adriana Androvandi

Ator e empresário Marcos Frota concedeu entrevista ao Correio do Povo

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O Mirage Circus estreou em Porto Alegre no dia 1º de junho, localizado ao lado do estádio Beira-Rio. Inspirado em espetáculos de Las Vegas, apresenta 25 números, que exibem acrobacia, ilusionismo, malabarismo, dança, trapézio e um gran finale com o Globo da Morte com cinco motos, além motoqueiros que ganham velocidade em rampas e sobrevoam a esfera. Marcos Frota está a frente do projeto, que conta com 200 profissionais.

Show de motos dentro e fora do 'Globo da Morte'. Crédito: Ricardo Giusti

“Temos compromisso com a qualidade e com a pesquisa. A cada temporada, aprimoramos o ritmo, as coreografias, as entradas e saídas, para que o público veja um ‘circo teatral’ ou um ‘musical circense’”, explica Marcos Frota. Ele propõe uma leitura contemporânea dos espetáculos. “Chega de reverenciar apenas o maravilhoso Cirque du Soleil; nós temos de ter aqui no Brasil um circo que seja orgulho das nossas crianças, que inspire uma nova geração".

O espetáculo reúne beleza, poesia, humor e força. A alternância destes elementos é um dos pontos altos da montagem. Em certos momentos, admiramos acrobacias aéreas com performances femininas que enlevam o público, além de uma “mulher elástica”, com uma flexibilidade e treino impressionantes. Em outros momentos, apresentações de força e equilíbrio com corpos masculinos estão no palco.
Minha lembrança de circo remonta a algum deles visto no litoral gaúcho, nos anos 1980, uma década que muitos estavam em decadência. Era feito o uso de animais, que tinham expressão triste. Igualmente os palhaços me transmitiam melancolia. Era uma imagem que se assemelha ao que Selton Mello apresentou no filme “O Palhaço”, de 2011.

Não se trata aqui julgar a tradição do circo, pois é ela que trouxe até os dias de hoje a arte circense. Mas os movimentos de direitos dos animais foram crescendo e ganhando voz. Marcos Frota mostra que a riqueza do circo não precisa de animais e não faz uso deles.
O palhaço do Mirage Circus, Potato (Fernando Rodrigues), também mestre de cerimônias, é sim engraçado. Fez até quem não é fã dar gargalhadas. E o humor pode vir de ideias simples. É assim quando ele brinca com armas de jato de água com crianças, joga uma bola para a plateia, entre outras interações com o público. Em outro momento, o palhaço está no palco e o iluminador começa a mover o canhão de luz, tirando o foco do protagonista. Ávido por atenção, o palhaço começa a seguir a luz. “Nosso palhaço (do Mirage Circus) é uma mistura de clown, comediante, ator e o palhaço de circo, em uma versão mais contemporânea, mais leve. Ao mesmo tempo, tem muita disciplina, muita atenção aos detalhes”, explica Frota. 

Com o palhaço Potato, interação e diversão são certas. Crédito: Ricardo Giusti

Outra ação que merece crédito é a segurança dos artistas. Presenciei uma vez na vida uma exibição de trapézio em que tiravam a rede de proteção, que evita uma possível queda no chão. Ao invés de tornar a performance mais atraente, no meu caso apenas causou mais tensão. Em um erro, o trapezista pode se espatifar e acabar com a festa. O Mirage mantém sempre a rede, o que previne qualquer acidente fatal. 

Trapezistas trabalham em perfeita sincronia. Crédito: Ricardo Giusti

Afinal, ninguém está imune ao erro. E performances de alta exigência e complexidade, que colocam os corpos em seus limites, não estão livres de um deslize. Isso não é problema e o Mirage até trabalha com isso. Seja falhando de propósito ou sem querer, as raros “erros” no palco receberam aplausos. O público sente empatia pelo esforço do artista e se vê impelido a demonstrar apoio para uma nova tentativa. Marcos Frota e equipe, gratidão por nos fazer amar novamente (ou pela primeira vez) o circo.

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