‘Agradeço a chance de poder tocar e cantar’, afirma Frejat

‘Agradeço a chance de poder tocar e cantar’, afirma Frejat

Músico carioca se apresenta em formação de trio neste sábado, no Auditório Araújo Vianna, na Capital

Luiz Gonzaga Lopes

Rafael Frejat, Roberto Frejat e Maurício Almeida formam o Frejat Trio, que se apresenta em Porto Alegre neste sábado à noite

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Roberto Frejat é um dos guitarristas do rock nacional que esteve presente no epicentro da geração dos anos 80 que produziu Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, RPM, Barão Vermelho, a banda que ele, Cazuza, Guto Goffi, Dé e Maurício Barros formaram em 1981. Na pandemia, Frejat se deu conta de que a estrada e o roqueiro são indissociáveis e os dois últimos anos a volta ao palco foi ideia fixa. Neste sábado, às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre, o Frejat Trio apresenta o show da turnê "Eletro Acústico”. Com repertório de novos arranjos a grandes clássicos, o setlist tem hinos do Barão Vermelho, como “Por Você”, “Flores do Mal”, “Exagerado”, canções próprias como “Amor Pra Recomeçar”, “Segredos”, “Sobre Nós Dois e o Resto do Mundo”, além de preciosidades como “Bumerangue Blues”, de Renato Russo; “Poema”, parceria com Cazuza eternizada por Ney Matogrosso, além de versão inédita de “Fadas”, de Luiz Melodia. Ingressos: Sympla. 

Inspirado pela tradição do rock em configurar shows mais intimistas em trios, Frejat convidou Maurício Almeida, seu atual guitarrista, para o projeto, formando o Trio com Rafael Frejat. Além de guitarrista, amigo e parceiro, Roberto mostrou muito entrosamento com Rafael nas seis cordas, apoios vocais e outros instrumentos.

Nesta entrevista, Frejat fala do projeto, pandemia, momento da carreira entre outros assuntos. 

Poderíamos dizer que o show “Eletro Acústico” é uma aproximação com algo mais básico, mas visceral, na tua relação com a música?
Eu vejo este show como uma versão aumentada do meu show de voz e violão, pois com três músicos podemos criar situações musicais mais complexas do que quando estou sozinho no palco. Também tem o trabalho de rever alguns arranjos originais e tratar algumas canções de forma diferente, que fizemos, em grande parte, partindo de sugestões e ideias do Rafael e do Maurício.
 

Queria saber o que a pandemia provocou em você, quais mudanças se deram na tua forma de sentir e pensar, pessoal e musicalmente.
Tudo isso me fez pensar em como o palco é importante pra mim: sempre fiz discos e depois fui pra estrada com eles. Meu último disco, "Ao redor do precipício", foi lançado no começo da pandemia, pois já estava pronto e não tinha porque segurá-lo. Ninguém imaginava que duraria tanto tempo para voltarmos e acabei não levando esse disco para a estrada. Te confesso que me doeu muito, pois me orgulho muito desse trabalho. Hoje subo no palco agradecendo a chance de tocar e cantar, coisas que adoro fazer e que pretendo continuar fazendo, enquanto puder.

Preciso saber como foi a escolha de repertório.
O repertório deste show é fortíssimo! É uma soma de músicas minhas que foram sucesso na minha voz e nas de outros artistas, algumas músicas de outros que foram sucesso na minha voz, e ainda músicas para as quais fizemos arranjos bem interessantes para estarem ao lado desses pesos pesados.

O fato de estar em casa no palco com estes dois músicos, Rafael (filho) e Maurício (que toca contigo) ocasiona o que no show, meu irmão?
Nós desenvolvemos uma relação muito gostosa de tocar com muita concentração, mas com muita alegria, e isso dá um clima muito gostoso pro show.

Você poderia falar da tua formação musical e dos teus gostos bem ecléticos. 
É verdade, eu ouço de tudo. E isso acaba se refletindo na minha música, nos arranjos, nas escolhas harmônicas. Eu amo a música e gosto dela de muitas formas diferentes.

Em um país carente de poetas na música, qual a lacuna que a morte de Cazuza deixou?
Muito grande. A minha geração teve, junto com Cazuza, alguns outros letristas muito inspirados. Hoje eu vejo letras interessantes no pessoal do hip-hop, mas sinto falta da canção dando suporte.


Queria saber se ainda rola algo com o Barão, tipo os 40 anos, um revival?
Não, aquele foi um momento especial, não pretendo ficar repetindo a cada data cheia, não faz sentido.


Para fechar, aquela pergunta bairrista, mas camarada, sobre o público gaúcho e também sobre os músicos daqui. 
Eu adoro o Rio Grande do Sul, tenho vários amigos aí, admiro a música pop que vocês fazem e essa participação no disco do Acústicos & Valvulados me deixou muito feliz. A música e as vozes combinaram de uma forma muito precisa. Gosto da banda há muito tempo, tenho uma amizade muito gostosa com Rafael (Malenotti) e fico feliz que ela ganhou espaço na mídia pra eles.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895