Asas da ambição
Thriller/drama turco é sucesso na plataforma Netflix
publicidade
O nome pode evocar aos dramalhões tradicionais que invadiram o audiovisual em diferentes épocas de todos os tempos. Mas, mesmo assim, vale a pena ficar atento para a série turca que a Netflix ajuda a mundializar com “Asas da Ambição”, criada pela escritora e atriz Meriç Acemi. O thriller/drama turco está fazendo o maior sucesso reunindo ingredientes tradicionais do gênero, reforçando estereótipos contemporâneos de ambição e justiça, em seus oito episódios. Aliás, a cada avançar de episódios é fácil acreditar que se trata de uma obra baseada em fatos reais”. O mundo digital e as redes sociais são protagonistas na história. O jornalismo e o universo dos romances também atuam de modo a dar veracidade e dinamismo à trama. Verdade que, em alguns momentos, o melodrama se estabelece e pode incomodar.
O elenco é formado por nomes conhecidos do audiovisual daquelas latitudes, incluindo Birce Akalay, Miray Daner e İIbrahim Çelikkol e a trama se desenvolve com um narrador conduzindo as atitudes ambiciosas de uma jovem estagiária de importante rede de televisão. O enredo seduz pelo grau de envolvimento com as novas formas de comunicação e as velhas artimanhas da sedução e do engano. Se estabelece um confronto entre as gerações X, Y e Z. Entre o pensamento analógico e o comportamento digital. Entre a experiência que leva ao sucesso e a ambição em ser alguém rapidamente. Ser notada, no caso da jovem estagiária protagonista. A história de vários jornalistas no Oriente Médio serviu de base para que o showrunner Meriç Acemi criasse a história, e pode motivar a conhecer o que aconteceu com Banu Guven, jornalista turca que ficou famosa no início dos anos 2000. Também pode-se aproximar ao drama de Sedef Kabas, detido por supostamente insultar o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Há ainda o vivido pela âncora da CNN Turquia Nevşin Mengü, e pela repórter Shireen Abu Aqleh, da emissora Al Jazeera, morta pelo Exército Israelense enquanto trabalhava na Palestina.
A série não politiza demais, mas por vezes aponta as dificuldades do fazer jornalístico em meio à pressão de poderosos. Dentro e fora dos meios de comunicação. As personagens da trama não representam figuras reais, mas vivem “assustadores paralelos com eventos que seguem acontecendo”.