Talento e tecnologia
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Uma obra de arte pode voltar sempre a ser valorizada com o tempo. Algumas delas, muito valorizadas no seu presente, acabam conquistando novos valores quando retornam ao centro das atenções. Graças à tecnologia disponível, uma destas obras chega hoje para as novas audiências. Clássico contemporâneo, o longa-metragem brasileiro "Durval Discos", dirigido pela talentosa e sensível realizadora Anna Muylaert, ganhou novamente as salas de cinema de mais de 20 cidades do país. Vencedor de sete Kikitos no Festival de Cinema de Gramado de 2002, trata-se do primeiro longa da nova edição Sessão Vitrine Petrobrás, que teve início na última quinta-feira, dia 23.
Com a potência de uma narrativa cativante, a produção estreia agora em cópia digital 4k, e deixa a mostra o motivo pelo qual saiu de Gramado também como Melhor Filme, e lançou a carreira de Anna como diretora de longas. Vale aqui um aplauso para Silvia Cruz, sócia-fundadora da Vitrine Filmes, que manifestou sempre o desejo de “resgatar a memória do cinema nacional com um projeto de digitalização ou restauração de filmes que possam chegar ao público com ingressos acessíveis”.
Especificamente no caso de “Durval Discos”, rodado em super 35mm, para ser exibido em Scope, os negativos guardados na Cinemateca Brasileira estavam em excelentes condições. Quem entende sabe que o processo de digitalização é diferente do restauro. No último se dá em casos de negativos deteriorados e que precisam de mais cuidados antes de transferidos para o digital e novamente passados para película. Ainda bem que não era o caso do filme de Anna. Graças a esta ação, desejada tanto pela Vitrine quanto pela diretora, novas gerações vão poder conhecer o filme, reconhecendo um dos trabalhos mais geniais do cinema brasileiro.
Nestes 20 anos desde o lançamento do longa, que reuniu na telona nomes como Ary França, Etty Fraser, Letícia Sabatella, Isabela Guasco, Marisa Orth, e com participação especial de Rita Lee e André Abujamra, a diretora se tornou uma das principais cineastas brasileiras. Também nos deliciou com duas outras produções necessárias, “Que Horas Ela Volta?” e “É Proibido Fumar”. Outro nome forte nos créditos do filme é o da produtora Sara Silveira, uma das mais guerreiras quando se trata de defender o cinema nacional e levar adiante projetos ousados e marcantes. São dela também produções marcantes do cinema nacional, desde “Alma Corsária” até “Os Amigos”, passando por “Trabalhar Cansa” e “Cinema, Aspirinas e Urubus”. Aplausos para talento e tecnologia, juntos.