O Rebelado
Em seu poema semanal, Luiz Coronel faz versos intensos sobre um anjo rebelado
publicidade
Intentava mudar o mundo,
porém, dia após dia,
sobre seu ardor jogavam
farto balde d’água fria.
A uns e outros bradava,
com inquietante euforia:
- O futuro não se adia!
Aquele grito contido
na garganta persistia.
Devia unir o seu grito
ao que das ruas se ouvia
As paredes eram mudas.
Só o eco respondia.
Sua límpida recusa,
pouco a pouco se esvaia
entre escusas notícias,
trampolinagens do dia.
Sabia ter pouco tempo.
A outros entregaria
seu sonho, sua rebeldia.
Que nos ombros levassem,
o peso que o tempo infundia.
Arrastava uma certeza:
O mundo pode mudar
no espaço de um só dia.
Seis braços o conduziram
a grande noite sombria, quando balbuciante aurora,
anunciava um novo dia.