A Herança

A Herança

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É tua a terra que herdas,
com suas aguadas,
onde o teu rosto
se reflete, para sempre.

E tua esta casa, cujo
teto testemunha
de teu afeto.

Na sala de jantar,
o velho carrilhão
dança indiferente
à passagem do tempo.

Esquecemos a fugidia
permanência dos objetos.

Guardas aquelas estórias
que a mãe contava
para que sonhasses
com os anjos.

E aquela lágrima
que tombou dos olhos
do pai manchando
tua beca de formatura.

Há uma herança
sem carimbos, certidões,
que permanece em ti.

Oculto lençol d’água
subterrâneo,
voo de pássaro noturno.

E o que não for amor
se desfaz, na densa bruma
do esquecimento.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895