Apoio forçado do MDB ao PSDB terá graves efeitos colaterais
Apesar de indicação da cúpula nacional, emedebistas gaúchos não estão inclinados a apoiar pré-candidatura de Leite ao governo do RS
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O impasse envolvendo o MDB e o PSDB no Rio Grande do Sul segue sem desfecho e atrasando articulações de outros partidos. Até aqui, mesmo com a pressão da cúpula nacional do MDB, lideranças gaúchas do partido não apenas resistem, mas se uniram em torno da candidatura própria. Presidente do PSDB no Estado e um dos articuladores do partido, o deputado federal Lucas Redecker foi preciso ao avaliar o cenário, mencionando questão que deveria ser óbvia, mas que vem sendo ignorada pelos caciques. “Tudo que é construído de cima para baixo não é natural. Qual será o resultado na prática, durante a campanha, da adesão forçada de um partido a uma candidatura?”, questionou, durante entrevista ao programa "Esfera Pública", da Rádio Guaíba, em referência aos movimentos para que o MDB gaúcho recue, forçadamente, do protagonismo com Gabriel Souza para apoiar Eduardo Leite (PSDB).
Redecker está coberto de razão. Segundo o deputado federal Osmar Terra (MDB), não apenas as lideranças emedebistas estão unidas em torno da candidatura própria. “A base do partido no Estado está indignada. Essa decisão, goela abaixo, não vai acontecer”, disse. Terra destacou ainda as alas distintas do MDB, que, no Nordeste, apoia Lula (PT), e que, no Sul, está com Jair Bolsonaro (PL). “O PSDB não conseguiu garantir o apoio dos tucanos para a Simone Tebet nem no Mato Grosso do Sul, que é o estado dela. A cúpula do MDB deve ficar alerta. Caso continue com posições intransigentes, desrespeitando as realidades locais, pode ocorrer um revés, uma reviravolta na convenção nacional e a senadora não obter o aval partidário. A Simone não é a candidata da base do partido”, destacou Terra.
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Ainda sem data marcada
Após a reação do presidente estadual do MDB, Fábio Branco, à posição da cúpula nacional do partido de indicar apoio ao nome de Eduardo Leite no Estado, havia a expectativa de que uma reunião já fosse marcada para esta quinta-feira. Mas nada. Pelo visto, não há pressa em resolver a questão, que vem empatando negociações no Rio Grande do Sul.
Em tempo: até aqui, Fábio Branco está mantendo conversas informais e particulares com lideranças do MDB sobre o episódio. Entre eles, o ex-governador José Ivo Sartori.