Governo de coalizão faz mais uma vítima
Bolsonaro abre mais espaço ao Centrão
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O presidente Jair Bolsonaro anunciou que prepara uma “pequena” reforma ministerial que deve ser anunciada até a próxima segunda-feira. O movimento do presidente ocorre em momento de fragilidade, em que as pesquisas apontam índices cada vez maiores de rejeição, queda em seu desempenho eleitoral e mais de uma centena de pedidos de impeachment protocolados. O objetivo das alterações é o de atender a demandas e garantir ainda mais poder ao chamado Centrão. O grupo, formado por mais de 200 parlamentares de diversos partidos, costuma ser decisivo em pautas polêmicas durante votações no Congresso Nacional e o fiel da balança em crises políticas agudas, como a que atingiu em cheio a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Entre os cotados para as mudanças estão o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil, sucedendo o general Luiz Eduardo Ramos, que assumiria a Secretaria-Geral, no lugar do gaúcho Onyx Lorenzoni (Dem). Onyx pode assumir a pasta do Trabalho, que seria recriada. A relação - ou dependência? - de Bolsonaro com o Centrão não é diferente de antecessores que passaram pela cadeira mais importante da República.
Há, no entanto, uma distinção significativa em relação ao discurso. Bolsonaro se elegeu e manteve como uma de suas principais bandeiras, ao lado da pauta dos costumes e do combate à corrupção críticas incisivas “à velha política”. Agora, porém, em nome da governabilidade e da preservação própria, está sendo forçado a rasgar o discurso e se render ao clássico governo de coalizão e ao Centrão, antes alvo de investidas do próprio presidente e de seus apoiadores.