Por mais profissionais da bola na gestão

Por mais profissionais da bola na gestão

O que eu defendo há bastante tempo é a presença de profissionais do futebol no clube, mas não apenas ensinando guris a chutar uma bola.

Presidente do Inter, Alessandro Barcellos (E), anunciou esta semana o novo vice de futebol, Emilio Papaléo Zin (D)

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A dupla Gre-Nal recentemente trocou os seus comandantes “políticos” do futebol. No Grêmio, Marcos Hermann assumiu no final de abril e esta semana, coube ao Inter anunciar Emílio Papaléo Zin, como o novo responsável da área. Como estamos tratando de clubes de futebol, nos referimos às vice-presidências mais importantes de toda a instituição.
O futebol brasileiro discute profissionalização dos clubes há vários anos. Isto até acontece em outros departamentos, mas quando chegamos ao departamento de futebol, as coisas ainda são feitas de uma forma a atender a vontade dos dirigentes e o planejamento é muito mais na base da “tentativa e erro” do que amparado propriamente em dados. Isto aconteceu recentemente no Inter, quando os dirigentes assumiram a administração do clube com o imaginário de um time propositivo e que jogasse sempre atacando o seu adversário. Mesmo a realidade mostrando que o time rendia melhor jogando de uma forma contrária ao desejado pelos dirigentes, a mudança do treinador e toda a sua comissão foi feita. O resultado se mostrou desastroso.

O que eu defendo há bastante tempo é a presença de profissionais do futebol no clube, mas não apenas ensinando guris a chutar uma bola, como normalmente pensam em aproveitá-los. Falo na gestão mesmo, numa espécie de Conselho de Futebol que fizesse parte da estrutura do clube e reunisse profissionais da área para dar respaldo ao vice-presidente e toda a estrutura do departamento. Se criou uma ideia de que profissionalizar é estabelecer funções remuneradas, então um ex-dirigente político passa a ser funcionário e vendem a ideia de profissionalização, não é a isso que me refiro. Falo no aproveitamento de profissionais da bola ajudando a pensar aquilo que é o mais importante num clube de futebol, o seu time.

E aqui também aproveito para dizer que não entendo o porquê de alguns nomes importantes e com uma história vencedora passarem a ser afastados dos clubes. No Inter, Fernando Carvalho passou a ser um problema. O sujeito é o dirigente mais vitorioso da história e de repente parece que fez algum mal para o clube. A mesma crítica já fiz várias vezes com relação à forma vergonhosa como o Inter tratou Paulo Roberto Falcão, indiscutivelmente o maior jogador que já vestiu a camisa colorada, tricampeão brasileiro e criado na base.

O tempo atropela a todos, os novos não perdoam os que fizeram história dentro ou fora de campo, e sempre em nome de um imaginário de quem está comandando naquele momento. Quando os clubes não preservam a sua história, ficam cem por cento reféns de novas conquistas, caso contrário, esquecem o seu verdadeiro tamanho.

Tinga sempre à frente

O que eu cobro dos clubes vai acontecer no próximo dia 16, numa iniciativa do ex-jogador Paulo César Tinga, que vai lembrar os 15 anos do primeiro título da América conquistado pelo Inter, comemorado exatamente nesta data. Para celebrar, a partir das 21h45min, exatamente no mesmo horário em que o árbitro apitou o início da final de 2006 contra o São Paulo, no Beira-Rio, Tinga promoverá uma live especial no site www.diasemfim.com.br. Ele vai falar sobre os bastidores daquela conquista e vai relembrar o drama solitário que viveu após a sua expulsão, ocorrida ainda na comemoração do gol que ele marcou após o cruzamento de Fernandão.

O drama gremista

O Grêmio entra em campo hoje à noite para enfrentar o São Paulo numa situação dramática na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro. Mesmo que conquiste uma vitória, ainda assim o time gaúcho não deixa a penúltima posição na tabela. A vitória contra a Chapecoense valeu fundamentalmente pelos três pontos, mas o desempenho não avaliza nenhuma grande aposta para o restante da temporada. De qualquer forma, cada jogo é um jogo e o Grêmio pode vencer o São Paulo hoje à noite, mas será preciso jogar bem mais do que na última segunda-feira.

Quem te viu, quem te vê

O São Paulo durante muito anos foi um clube modelo em organização e estrutura. Categorias de base, estádios e potência financeira, solidez administrativa era a marca do Tricolor do Morumbi. Faz tempo que tudo isto ficou para trás. O momento agora é de constrangimento quando Daniel Alves, após conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, faz um apelo para ser respeitado e que o São Paulo honrasse os mais de R$ 10 milhões que lhe deve por pagamentos atrasados. 


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