O pior momento da gestão Romildo no Grêmio

O pior momento da gestão Romildo no Grêmio

"No início, parecia estar dando certo, com o título do Gauchão e a boa campanha na Copa Sul-Americana, mas alguma coisa aconteceu no caminho e de uma hora para outra o time despencou e hoje vive uma crise como há muito não se via."

Nando Gross

Bolzan Júnior preocupado porque o Tricolor vive um momento comparável a um paciente em estado grave

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O Grêmio vive o pior momento da gestão Romildo Bolzan Júnior. Desde que assumiu o comando, Bolzan manteve coerência nas suas decisões, pacificando o clube, equilibrando as finanças e mantendo o time sempre com potencial para entrar nas competições com chances reais de disputar os títulos. O sucesso dentro de campo garantiu ao presidente o suporte necessário para tocar adiante o seu projeto. E quem estava no comando do futebol era Renato Portaluppi, maior ídolo do clube e com liderança total junto ao grupo de jogadores.

Renato saiu no meio da temporada, era uma decisão difícil de ser tomada. Fazer a troca depois da final da Copa do Brasil determinaria trazer um novo técnico a uma semana da estreia na pré-Libertadores, então a diretoria decidiu apostar na permanência de Renato. Mas com a eliminação, os integrantes do Conselho de Administração se dividiram e Renato acabou saindo.

Romildo agiu rápido e contratou Tiago Nunes. No início, parecia estar dando certo, com o título do Gauchão e a boa campanha na Copa Sul-Americana, mas alguma coisa aconteceu no caminho e de uma hora para outra o time despencou e hoje vive uma crise como há muito não se via.

Mesmo quando não jogava bem, o time dirigido por Renato tinha personalidade, fator determinante, por exemplo, na supremacia gremista nos clássicos contra o Inter. O Grêmio atual é nervoso, intranquilo e sem nenhuma convicção nos seus movimentos coletivos.

Tiago Nunes foi demitido, ganhou um jogo a mais de prazo depois da derrota em Caxias e perdeu de novo. Pois a diretoria gremista anunciou ontem, como interino, Thiago Gomes, auxiliar permanente e responsável pelo Grupo de Transição do Clube desde o início da temporada 2018.

A convicção é a mesma que determinou um jogo a mais para Tiago Nunes. Ou seja, se ganhar as partidas e melhorar a situação do Grêmio, permanece, caso contrário a diretoria vai atrás de outro. Estavam sendo cogitados Felipão e Renato, mas seus nomes não tiveram consenso entre os dirigentes e por isso Thiago Gomes receberá uma oportunidade.

Felipão seria um nome para dar impacto junto ao grupo, seria uma contratação pelo seu currículo e liderança, muito mais do que pelas suas ideias sobre futebol. O Grêmio vive um momento comparável a um paciente em estado grave. Inicialmente precisa garantir a sua vida para depois ajustar a saúde em geral. Felipão seria o nome ideal para isso.

Thiago Gomes tem conhecimento de futebol, entende bem o grupo de jogadores e todos que trabalharam com ele fazem elogios ao seu desempenho, o problema que eu vejo é o contexto em que ele está metido, é muito difícil de dar certo nestas circunstâncias, torço para que ele consiga ter sucesso, mas não acredito, não por sua competência, mas pelo momento em que está recebendo a oportunidade. Thiago Gomes, como o outro Tiago que foi demitido, será refém dos próximos resultados, Palmeiras e Inter.

A diretoria do Grêmio teve o cuidado de falar em “comum acordo” quando demitiu Tiago Nunes e agora aposta em Thiago Gomes, mas sem efetivá-lo. O objetivo disso está claro, deixar aberta a possibilidade de pelo menos mais duas trocas de técnicos ao longo do Brasileirão.

Thiago Gomes pode superar todas as adversidades e fazer sucesso neste desafio, mas a decisão da diretoria passa a ideia de apenas empurrar o problema para frente, na medida em que não sabe o que fazer. 


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