Nada é por acaso

Nada é por acaso

"Este é o mérito gremista de ter conseguido em tão pouco tempo reverter a situação e outra vez alterar a gangorra."

Nando Gross

Ao contratar Tiago Nunes, a diretoria gremista claramente sinalizou que não gostaria de nenhuma ruptura drástica no modelo de jogo

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A capacidade que a gestão do Grêmio teve de recuperar a equipe em tão pouco tempo, após a depressão que se abateu no clube, foi realmente fantástica. A desclassificação para a fase de grupos da Copa Libertadores não fazia parte da projeção para 2021 e com o desempenho instável da temporada passada, Renato Portaluppi acabou deixando o clube.

O sucesso de Renato nos mais de quatro anos que ficou à frente do Grêmio é inquestionável e isso não se resume apenas aos vários títulos que conquistou. Renato consolidou um estilo de jogar que começou lá atrás com Roger Machado, onde ele deu sequência e aprimorou o modelo. Renato soube visualizar o que vinha dando certo e entender que não se tratava de alterar tudo para chegar ao resultado.

Ao contratar Tiago Nunes, a diretoria gremista claramente sinalizou que não gostaria de nenhuma ruptura drástica no modelo de jogo, mas uma adaptação da ideia ao atual grupo de jogadores. O novo técnico tratou de fazer ajustes que não fossem de difícil assimilação, evidentemente pensando na retomada da equipe o mais rápido possível já que tinha um Gauchão logo na frente e a Copa Sul-Americana.

Fora de campo há mudanças como não poderia deixar de ser. Renato é uma figura ímpar e tem um status no clube que nenhum outro tem, então era normal o fato de ter superpoderes e tratar diretamente com o presidente, mas com a sua saída o vice de futebol tem muito mais poderes para organizar o departamento, hoje nas mãos de Marcos Hermann.

Uma providência, que parece ser consenso entre todos no clube, é de que é necessário lançar os jovens com menos idade. Vários bons jogadores foram lançados tardiamente, o que é ruim até mesmo para futuras negociações com o futebol europeu.

Mas o que se desenhava como um início de temporada sombrio para o Grêmio, acabou sendo revertido rapidamente. O cenário era de eliminação na Libertadores e com o maior rival classificado, mas outra vez o Gauchão ajudou, não por acaso, mas pela escolha correta do treinador e a opção por um projeto que não fizesse nesse momento a chamada “ruptura total”, afinal o clube não está vivendo nenhuma crise por uma longa ausência de títulos.

O Brasileirão é que vai nos dar uma verdadeira ideia do nível em que a dupla Gre-Nal está, mas a expectativa para antes do Brasileiro era muito maior em cima do Internacional, por tudo o que tinha acontecido. Este é o mérito gremista de ter conseguido em tão pouco tempo reverter a situação e outra vez alterar a gangorra.

A ideia se mantém

A falta de um bom desempenho do Inter de Miguel Ángel Ramírez é justificada pelos dirigentes e pelo próprio treinador, pela falta de tempo para trabalhar, na medida em que o entendimento no clube foi o de adotar uma ruptura total do modelo de jogo que vinha sendo adotado até então. Na verdade, desde a contratação do argentino Eduardo Coudet, ainda na gestão anterior, o Inter busca ser um time propositivo, com mais ações ofensivas em campo. Isto teve de ser interrompido com a saída de Coudet e a chegada de Abel Braga. Ramírez é a atual aposta dos dirigentes para materializar uma equipe propositiva. O que jamais pode ser ignorado em qualquer projeto são os resultados. Sem eles nada se consolida.

Final inglesa

Manchester City e Chelsea decidem na tarde deste sábado, 29, o título da Liga dos Campeões da Europa. Não por acaso dois times ingleses, país que atualmente tem a mais importante liga de futebol do planeta, pela competitividade, alto nível de qualidade dos gramados e uma transmissão de TV de dar inveja a qualquer um. Os ingleses há bastante tempo entenderam que o futebol é espetáculo e para ter uma liga competitiva é preciso repartir de forma justa o dinheiro dos direitos de transmissão. A ideia é simples, quanto melhor forem as equipes, melhor será a qualidade da partida, óbvio demais para ser copiado pelos outros.


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