Antes tarde do que nunca

Antes tarde do que nunca

"Cobrar uma ruptura total após pouco mais de dois meses considero um exagero, mas é fundamental que uma 'correção de rumo' seja avaliada."

Nando Gross

Miguel Ángel Ramírez chegou com uma ideia de jogo sem levar em conta o elenco colorado

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Os atuais dirigentes do Internacional foram eleitos pelos conselheiros e sócios colorados no final do ano passado. Na ocasião apresentaram um projeto de gestão para o clube e especialmente para o departamento de futebol, inclusive com o nome do novo treinador já sendo de domínio público, antes mesmo das eleições. Portanto, todos tinham informações suficientes na hora de votar. Cobrar uma ruptura total após pouco mais de dois meses considero um exagero, mas é fundamental que uma “correção de rumo” seja avaliada.

Quando elaboramos um planejamento estratégico (e isso é feito anualmente nas grandes empresas), é fundamental que seja feito de forma recorrente o que chamamos de controle de avaliação. Todo planejamento precisa de acompanhamento e avaliação de resultados constante para comparar com os objetivos globais. E como se faz isto em um clube de futebol sem levar em conta os resultados obtidos pela equipe dentro de campo? É natural que quando você esteja em uma estrada, verifique com frequência quantos quilômetros faltam para chegar ao seu objetivo. É assim também no desenvolvimento de um projeto. É importante verificar se o que está sendo realizado está dentro daquilo que foi planejado. Planejamento e monitoramento funcionam juntos.

Miguel Ángel Ramírez chegou com uma ideia de jogo sem levar em conta o grupo de jogadores que tinha à sua disposição e por isso está tendo dificuldades de escalar os melhores e materializar aquilo que tem como um modelo. Mas independentemente de escolhas de jogadores e sistemas táticos, o fato é que o rendimento da equipe é baixo. O Inter está atrapalhado em um grupo fraco da Libertadores e já perdeu os dois Gre-Nais disputados até agora. Podemos apontar atuações isoladas contra Táchira, Olimpia e Juventude no Beira-Rio, mas o time colorado não mostra evolução e parece que a cada jogo fica mais distante de encontrar aquilo que realmente quer.

Talvez estas avaliações estejam acontecendo, mas então o que justificaria algumas insistências com jogadores que claramente não estão dando resposta, como Zé Gabriel e Marcos Guilherme? É importante que estas avaliações tenham como objetivo corrigir os problemas para melhorar o desempenho da equipe, não se trata de “cobranças”, mas buscar o claro entendimento do que está saindo errado e o que precisa ser feito para que a situação se modifique. Ramírez é jovem, não deve ser escravo apenas de uma ideia, precisa levar em conta os acontecimentos de campo e criar um repertório mínimo que seja para o seu time, porque em determinadas situações o jogo pede uma mudança tática e estratégica e os jogadores precisam estar preparados para isso.

O momento é de pressão para o treinador colorado, mas ele pode reverter isso em cinco dias, porque nada altera com mais rapidez uma situação de crise no futebol do que os resultados de campo.


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