O Inter e a desconfiança do torcedor

O Inter e a desconfiança do torcedor

Foram pelo menos quatro jogos sob o comando de Ramírez. Três derrotas e uma vitória. Os números justificam a desconfiança da torcida.

Nando Gross

Miguel Ángel Ramírez veio para implantar um modelo de jogo no Inter

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O Inter entra em campo hoje à noite sob os olhares desconfiados dos seus torcedores, afinal a equipe não consegue ter uma sequência de boas atuações. Toda vez que uma partida é de maior exigência e com um grau maior de importância, o rendimento do time é ruim. Foram pelo menos quatro jogos sob o comando de Ramírez que podemos chamar de mais importantes nesta largada da temporada colorada: Gre-Nal, Always Ready, Táchira e Juventude (semifinal do Gauchão). Três derrotas e uma vitória. Os números justificam a desconfiança da torcida. Quando Eduardo Coudet desembarcou em Porto Alegre, a palavra do momento nos noticiários esportivos era “intensidade”, por vezes ela até apareceu, mas nunca foi uma constante no time colorado.

Com Abel Braga, o Inter viveu o melhor momento na temporada e foi o período em que mais se viu intensidade e personalidade na equipe colorada. A queda começou no jogo contra o Athletico Paranaense, em Curitiba, quando o Inter foi administrar o jogo visando o empate, contando com a vitória na rodada seguinte contra o Sport Recife no Beira-Rio. Conseguiu o empate no Paraná, mas perdeu para o Sport e então não parou mais de cair.

Ramírez veio para implantar um modelo de jogo, mas não se trata apenas disso, é preciso alguém que forme um temperamento vencedor neste grupo e que faça com que os jogadores cresçam nos momentos de maior exigência e não ao contrário. Não se trata apenas de mais tempo para assimilar os conceitos táticos do novo comandante, trata-se de entender o mundo do futebol e não fechar os olhos para o ambiente local, porque é nele que vivem os jogadores. Coudet nunca entendeu o Gre-Nal e por isso não conseguiu ganhar nenhum, justamente no pior ano de Renato à frente do Grêmio.

A lição de Telê

Quando Telê Santana chegou a Porto Alegre para treinar o Grêmio, em setembro de 1976, o Inter era octacampeão gaúcho e exercia total supremacia no Estado. Telê logo percebeu a baixa autoestima no ambiente tricolor e armou uma equipe de atletas que ele afirmava eram: “primeiro, homens; depois, jogadores”. No Gre-Nal decisivo no Olímpico, o Grêmio vencia por 1 a 0 e o jogo se aproximava do fim. O estádio estava em silêncio, a torcida tricolor quieta, como que não acreditando no título. Telê saiu do banco, foi até a pista ao lado do gramado e se virou para as arquibancadas, gesticulando com os braços, e convocou o torcedor, que imediatamente respondeu com uma festa que não parou mais. Aquilo que Telê queria dos seus jogadores, naquele momento estava pedindo aos torcedores: que criassem um ambiente vencedor no estádio, que culminou com o título gaúcho daquele ano, encerrando a série histórica do Internacional.

O silêncio de Guerrero

Paolo Guerrero tem todo o direito de querer ir embora e seguir o seu caminho, basta pagar a multa contratual estabelecida em caso de rescisão e tudo certo. O que é triste é ver um jogador do seu nível e representatividade, sendo alvo de uma polêmica onde outros falam por ele, o protagonista não diz nada.>
Um atleta do seu tamanho deveria tomar a frente da situação e não ficar escondido. É natural que ele tenha o seu representante para definir seus contratos e não participar de reuniões com dirigentes para estas situações, mas neste caso estamos falando da sua imagem e da relação com toda a torcida colorada. Guerrero saiu brigado do Corinthians e do Flamengo, pelo jeito aqui não será diferente.


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