Derrota da Superliga, vitória do futebol

Derrota da Superliga, vitória do futebol

O fracasso da Superliga escancara ainda mais a importância do torcedor, é para ele que existe o futebol.

Nando Gross

A criação da Superliga de futebol gerou muitos protestos na Europa

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A derrota da Superliga mostrou aos dirigentes de clubes que não existe futebol sem paixão, sem conquistas e objetivos. O futebol é muito mais do que um jogo ou uma “mina de dinheiro”, é um patrimônio mundial e pertence aos torcedores e ninguém mais. Nelson Rodrigues já bradava seu ódio por aqueles que não entendiam isso e os chamava de os “idiotas da objetividade” e insistia, “o pior cego é o que só vê a bola”.

Florentino Peres, do Real Madrid, e Andrea Agnelli, da Juventus, foram os líderes do movimento que contou ainda com Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter de Milão, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham. Parece que estes dirigentes não entenderam que o futebol só se transformou em um meganegócio com investimentos bilionários, exatamente porque não perdeu o seu caráter original e que o faz quase que exclusivo no universo dos esportes: em nenhum outro jogo, o mais fraco tem tanta chance de vencer o mais forte como no futebol. A “zebra” é uma das grandes magias do esporte.

A bolha da Superliga queria um clube fechado, onde quem está dentro não sai e quem está fora não entra, esquecendo completamente o espírito de competição do futebol. A resposta veio de toda a comunidade esportiva, na medida em que técnicos e jogadores dos clubes criadores da Liga repudiaram publicamente a sua criação e as redes sociais foram invadidas por protestos vindos de todos os lados.

A derrota maior dos 12 clubes não é pelo fato de perderem para a UEFA, a derrota não foi para nenhuma entidade e sim para os apaixonados pelo futebol, que são os que verdadeiramente movimentam toda a máquina que gira em torno do esporte. Como estes senhores dirigem clubes deste tamanho e não conseguem perceber que o sucesso do futebol está na sua simplicidade, no seu caráter democrático e na sua ascensão pelos méritos obtidos em campo?

O fracasso da Superliga escancara ainda mais a importância do torcedor, é para ele que existe o futebol. Os jogos com estádios vazios são tediosos, porque falta a essência do esporte que é a paixão. O fracasso da Superliga é a vitória do futebol.

O desafio de Tiago

Tiago Nunes assume um time que recentemente foi vencedor, mas que vive uma crise tática e de modelo de jogo. O Grêmio não sabe mais se é um time propositivo ou reativo e tenta aplicar a mesma fórmula com os mesmos jogadores. Evidente que não têm dado certo. O novo técnico é adepto de um modelo próximo ao deixado por Roger Machado e herdado por Renato Portaluppi e que sob o seu comando conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores da América. Resgatar este modelo será o primeiro desafio de Tiago Nunes.


O desafio de Ramírez

Miguel Ángel Ramírez teve duas partidas de maior exigência e visibilidade até o momento e fracassou nas duas: Gre-Nal e Always Ready. O que intriga é a razão de o Inter cair tanto de produção diante de um jogo onde a pressão pelo resultado é maior. Já foi assim na reta final do Brasileirão do ano passado e nos seis Gre-Nais de 2020, na hora da decisão o time ao invés de crescer, afunda. Está claro que este não é um problema do novo treinador, mas cabe a ele agora tratar de mudar esta rotina.


Dívida bilionária

O clube que mais gastou no futebol brasileiro, Atlético Mineiro, apresentou os seus números financeiros. A dívida bateu os incríveis R$1,2 bilhão. Uma quantia inacreditável, mas que a diretoria acha tranquila porque calcula ter um patrimônio maior. O cálculo dos dirigentes é de que o valor do elenco do futebol profissional ultrapassa os R$ 600 milhões, algo bastante subjetivo. No ano passado, o Galo gastou R$ 253 milhões na contratação de jogadores.


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