O Gre-Nal que ninguém queria

O Gre-Nal que ninguém queria

O primeiro Gre-Nal do ano é quase sempre um jogo onde um espera pelo outro, onde não perder é mais importante do que ganhar.

Nando Gross

O clássico da noite deste sábado vale a liderança do Gauchão 2021

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Este é aquele Gre-Nal inconveniente, que chega em má hora, à medida em que é começo de temporada e os dois clubes ainda estão no início das preparações das suas equipes. Por isso, se diz que os dois treinadores fechariam na hora um acordo por um empate, caso tivessem esta alternativa. Uma derrota sempre gera pressão e desconforto no grupo.

O Inter parece estar mais pronto, com um jogo mais sólido desde o ano passado, mas tem que ver como vai reagir a tudo o que cerca esta partida e seus ingredientes fora de campo. Em 2020, o time colorado fracassou em todos os clássicos sob o comando de Eduardo Coudet e somente foi vencer no último Gre-Nal da temporada, já sob o comando de Abel Braga.

Renato Portaluppi tem um modelo de jogo definido há bastante tempo, mas em 2020 não se mostrou bem-sucedido. O Grêmio ganhou o Gauchão perdendo para o Caxias na final, foi eliminado da Libertadores sofrendo goleada para o Santos e antes de jogar contra o Palmeiras tinha enfrentado apenas uma grande equipe na Copa do Brasil, que foi o São Paulo. Na final, foi totalmente dominado. Uma decisão que nem chegou a empolgar, tamanha a superioridade do adversário nos dois confrontos.

O Grêmio sabe que precisará reformular o seu time, a questão é que não existe muito tempo, na medida em que na quarta-feira já tem confronto eliminatório contra o Independiente Del Valle, pela Libertadores da América. Diferente de Miguel Ángel Ramírez, Renato precisa levar em conta a questão física e a possibilidade de preservar alguns atletas pensando no compromisso no Equador. Geromel e Kannemann seguem fora, Jean Pyerre nem está relacionado para o clássico, o mesmo acontecendo com Pepê. Por outro lado, Ramírez não tem nenhum motivo para poupar, até porque este será o seu jogo mais importante desde que chegou ao clube, e uma vitória, depois de tantos insucessos de Coudet no ano passado, pode lhe garantir uma grande carta de crédito com o torcedor.

Ao mesmo tempo em que fala em jogo de posição, Ramírez afirma que monta sua estratégia de jogo baseado no estudo feito do adversário. Isto nos autoriza a pensar que ele poderá propor algumas alternativas ofensivas que acredita possam desarrumar a defesa gremista, até mesmo com uma movimentação mais intensa dos seus atacantes do que vem sendo feito até agora. Por isso, Yuri Alberto pode aparecer junto com Paolo Guerrero, o que seria uma alteração de característica na frente, mesmo que Yuri seja colocado pelo lado, ele é um finalizador e sempre que a bola estiver no lado oposto ele vai estar com Guerrero na área. O primeiro Gre-Nal do ano é quase sempre um jogo onde um espera pelo outro, onde não perder é mais importante do que ganhar, mas a força da rivalidade é maior do que qualquer outra coisa e dentro de campo tudo isto se altera.

Falcão no México

Como todos os jogos são à noite, por conta da pandemia, o técnico colorado está fazendo algo diferente da rotina do futebol brasileiro. No dia da partida, pela manhã, ele comanda um treino leve para o grupo que vai atuar. Quem fez esta experiência no início dos anos 1990 foi Paulo Roberto Falcão, quando era técnico do América do México, e o seu preparador físico era Gilberto Tim. Em jogos noturnos, Falcão reunia o grupo para um treino leve. A diferença é que Falcão tornou isso opcional, deixando a decisão para os atletas. No América-MEX, Falcão chegou à semifinal do Campeonato Nacional e, no ano seguinte, o time foi campeão da Concacaf.

Rejeição histórica

Impressionante a rejeição da torcida gremista ao anúncio da contratação do volante Thiago Santos, do FC Dallas, de 31 anos. A campanha nas redes sociais chamou a atenção com a hashtag #ThiagoSantosNÃO, que dominou o Twitter, até mesmo com uma petição online sendo criada para colher assinaturas. A bronca da torcida é porque o clube estava negociando com Rafael Carioca, e Thiago Santos, além de não ter o prestígio que tem Carioca com os torcedores, joga menos e ainda por cima têm características totalmente distintas. Segundo informações, teria sido uma indicação dos jogadores.

Renato e o Gre-Nal

Renato vai enfrentar o 10º técnico do Inter em um Gre-Nal e com retrospecto favorável. Ele vai para o seu 26º clássico dirigindo o Grêmio, tendo nove vitórias, 12 empates e quatro derrotas, um aproveitamento de 52%. Seu time marcou 28 gols e sofreu 20. Sua maior decepção talvez tenha sido em 2011. No Gauchão daquele ano, jogou três vezes contra o time treinado por Paulo Roberto Falcão. No primeiro, perdeu a Taça Farroupilha (segundo turno) nos pênaltis, levando a decisão do título para mais dois jogos. Venceu o primeiro, no Beira-Rio, mas perdeu o segundo, no Olímpico, e viu o Inter ser campeão. Em 2020, contra Eduardo Coudet, foram seis confrontos, com Renato vencendo quatro e empatando dois. 


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