Falcão e as novas regras

Falcão e as novas regras

Nesta temporada, cada equipe poderá ter apenas dois treinadores ao longo da competição. E cada técnico poderá ter no máximo dois times.

Paulo Roberto Falcão acha que as novas regras ajudam muito também os clubes

publicidade

O Brasileirão de 2021 terá limite na troca de técnico. A CBF aprovou com os clubes da Série A, em votação que terminou com 11 votos a 9, uma nova regra para evitar as constantes mudanças nas equipes. Nesta temporada, cada time poderá ter apenas dois treinadores ao longo da competição. E cada técnico poderá ter no máximo dois clubes.

Quem defende isso já há bastante tempo é o técnico Paulo Roberto Falcão, que levou a proposta para a CBF quando esteve à frente da FBTF (Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol), mas a medida esbarrou nos clubes que votaram contra. Na tarde dessa sexta-feira conversei por telefone com Falcão.

“Faz tempo que fomos à CBF propor isso. Naquela época, não houve evolução, mas agora aconteceu. Eu acho que isso ajuda muito também os clubes, porque quando forem contratar um profissional, será preciso avaliar melhor, fazer uma entrevista legal para saber se este profissional preenche aquilo que o clube realmente pretende. E tem a questão financeira, que impede os clubes de ficarem pagando dois ou três treinadores simultaneamente. Isto também ajuda o treinador que terá mais tempo para trabalhar. Além disso, abre a possibilidade de revelar novos treinadores, caso demitam os dois permitidos pela regra e apostem em alguém com mais de seis meses de clube para comandar a equipe.”

Falcão achou normal o resultado apertado da votação, com 11 votos favoráveis à mudança e 9 contrários:
“Você elege um presidente ou um governador com dois ou três por cento de diferença, é normal. O importante é que cada um deu a sua opinião de forma democrática.”

Sobre o voto do Grêmio contra a mudança, Falcão afirmou:
“É uma surpresa, porque o Renato é o treinador que está há mais tempo aí, mas enfim, a votação é democrática e tem que se aceitar as decisões.”
Falcão afirma que enquanto isto não virar lei, sempre haverá o risco de alguém buscar um recurso na justiça comum, mas que neste momento há um acordo entre os clubes.
“Há um projeto que está em Brasília e que poderá virar lei a qualquer momento. O importante é que façamos a mudança e possamos ver como as coisas irão se comportar. Eu acho que faz bem, foi votado e então vamos fazer a experiência, já fizemos tantas experiências no futebol...”

O projeto que Falcão se refere ao que está em Brasília, inclui itens como os estatutos dos clubes, que devem estar subordinados a uma lei que avalie a saúde financeira dos mesmos (Fair Play Financeiro), que regule as contratações, o tempo mínimo de contrato e que fiscalize e sujeite à punição os maus pagadores.

Não existe bolha no futebol

Não é verdade que o futebol seja um ambiente seguro contra a contaminação da Covid-19 e muito menos é verdade que o futebol tenha feito uma bolha de proteção em torno de si, isto nunca aconteceu. Os jogadores cruzam o país viajando a todos instante, em hotéis diferentes, estádios diferentes, nada a ver com a ideia de uma bolha como por exemplo fez a NBA, nos Estados Unidos, no complexo Walt Disney World, em Bay Lake, na Flórida.

Contradição

Neste momento vivemos uma contradição total, com 14 dos 27 estaduais paralisados ou com restrições, mas não existe nenhuma proibição para as competições nacionais e regionais que seguem em plena atividade e com a CBF promovendo caravanas da Covid fazendo os clubes cruzarem o país para a disputa da Copa do Brasil. O Ypiranga saiu de Erechim para jogar em Manaus e o Juventude foi de Caxias a Alagoas. Não faz nenhum sentido esses deslocamentos no pior momento da pandemia em território nacional.

Precisa se adaptar

Não se trata de paralisar o futebol, mas é preciso que ele se adapte ao momento, como todos os demais setores estão tendo de fazer. Não é possível que os jogadores cruzem o país quando as autoridades sanitárias estão pedindo exatamente o contrário. É momento de deslocamentos curtos, comprar no comércio local, prestigiar tudo aquilo que estiver mais próximo e evitar longas viagens. Os estaduais devem ser disputados ou não de acordo com as orientações das autoridades locais. Cabe ao futebol se submeter a elas, como todos os brasileiros estão tendo de fazer. 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895