A geografia do futebol em meio ao caos

A geografia do futebol em meio ao caos

Uma coisa está clara, nossos esforços devem estar centralizados em produção em massa de vacinas e uma estratégia de guerra para vacinarmos pelo menos quatro milhões de pessoas por dia, 24 horas sem parar.

Nando Gross

O futebol profissional segue todos os protocolos de segurança contra a pandemia

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O cenário devastador da pandemia no Brasil está determinando que as restrições aumentem em todos os segmentos e no futebol não está sendo diferente, tanto que vários regionais estão sendo paralisados. Em São Paulo, a Federação Paulista de Futebol reuniu os clubes para ingressar na justiça contra a medida do governo estadual, mas por maioria os representantes da primeira divisão foram contrários à medida. Dos quatro grandes, apenas o São Paulo apoiou a decisão da FPF. Corinthians, Santos e Palmeiras votaram contra. Os dirigentes da entidade, não satisfeitos, estão em busca de um estado que receba a competição, mas por enquanto ninguém aceitou bancar.

A federação mineira conseguiu a liberação dos jogos até o fim desta semana, mas o governo do estado já decretou a paralisação do campeonato a partir de segunda. No Acre, todos os clubes foram contra a interrupção do campeonato e pediram para que o governo pensasse a decisão, mas segue tudo parado. Outro que está paralisado é o Campeonato Cearense. Nenhuma equipe do estado se posicionou abertamente contra a paralisação, mas os clubes menores temem passar por dificuldades financeiras. Em Goiás, o campeonato foi paralisado numa decisão conjunta com os clubes, que foram unânimes ao concordar com a medida.

No Pará, a federação de futebol do estado decidiu pela interrupção do campeonato a partir de segunda-feira. O Campeonato Capixaba foi suspenso pela Federação de Futebol do Espírito Santo após o anúncio de lockdown pelo governo estadual. Em Brasília, o campeonato brasiliense foi paralisado em decisão tomada em comum acordo entre os clubes e a federação. No Amazonas o campeonato ainda nem começou, mas seu início já foi adiado para o fim de maio, na medida em que o governo do estado proibiu competições esportivas e o fechamento dos estádios. No Tocantins, a decisão de parar o campeonato desagradou todos os times e a Federação Tocantinense de Futebol, que também discorda da decisão do governo estadual.

Confesso que não me sinto capacitado para dizer o que deve ser feito, esta é uma decisão que deve estar embasada em análise técnico-científica, nada além disso, mas o que vejo é que não há neste momento nenhum movimento no sentido de parar com o futebol no Rio Grande do Sul, até porque devemos sair da bandeira preta a partir da semana que vem.

Talvez o futebol possa mesmo neste momento servir como uma boa alternativa para o entretenimento dentro de casa, competindo com as plataformas de filmes. Mas tudo deve ser analisado dentro do momento e da realidade local de cada estado. Estamos falando de um país de dimensões continentais e com uma dificuldade ainda maior na medida em que não existe um comando central de combate à pandemia por parte do presidente da república. Uma coisa está clara, nossos esforços devem estar centralizados em produção em massa de vacinas e uma estratégia de guerra para vacinarmos pelo menos quatro milhões de pessoas por dia, 24 horas sem parar. Uma força-tarefa para que possamos sair deste pesadelo o mais rápido possível.

Federação chilena em outro mundo

Num raro ato de racionalidade, a Conmebol suspendeu os jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo. Pois não é que a Federação Chilena aproveitou para marcar um amistoso com a Bolívia aproveitando a Data Fifa? É inacreditável que isto aconteça diante de tudo o que está acontecendo. O Flamengo solicitou a dispensa do lateral Isla e foi atendido. Além de Isla, outros jogadores importantes ficaram fora da lista de 24 convocados, como o meia Arturo Vidal e o atacante Alexis Sánchez. O Grêmio não poderia seguir o mesmo caminho e pedir a liberação de Pinares?

A bola está com Jean Pyerre

Ontem conversei com o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior. Falamos sobre diversos assuntos e me chamou a atenção a sua manifestação sobre o futuro de Jean Pyerre. O presidente foi claro: “ele dará o tamanho do jogador que quer ser, a carreira que quer ter, o tamanho da sua capacidade técnica. Se jogar bola, é um dos melhores do Brasil. Está nas mãos dele, o jogo está com ele”. O clube vai lhe dar apoio e suporte para se afirmar, ele terá de mostrar do que é capaz.

Paolo Guerrero e Yuri juntos

Considero um desperdício iniciar uma disputa de posição entre os dois melhores atacantes do Internacional, Paolo Guerrero e Yuri Alberto. Se num 4-3-3 os dois não se encaixam, monte-se então um sistema que contemple a presença dos melhores no time. É preciso entender que sistema tático e modelo de jogo são coisas diferentes, Ramírez não precisa alterar os seus conceitos e muito menos o modelo que pretende aplicar, ele poderá fazer isso independentemente do sistema tático. A questão prática é que existe uma escassez muito grande de atacantes goleadores e o Inter tem dois de alto nível. Não há por que deixar um deles de fora.


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