O futebol em meio à pandemia

O futebol em meio à pandemia

O futebol, às vezes, precisa ser analisado por outro prisma, não apenas pelo que acontece dentro de campo, mas também pelo que está ao seu redor.

Nando Gross

A questão de parar o futebol não se resume somente aos números

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O governo do estado de São Paulo decidiu paralisar as atividades esportivas, incluindo o Campeonato Paulista, por duas semanas, de 15 a 30 de março, acompanhando o que já acontece no Ceará, Santa Catarina, Acre e Paraná.

Evidente que este debate está presente no país diante da gravidade do estágio avançado da pandemia e da falta de condições que nosso sistema de saúde está mostrando neste momento para atender o alto número de pessoas que estão precisando de atendimento em hospitais. A falta de um projeto nacional de combate à pandemia no país gera uma enorme insegurança e isto faz com que todo segmento empresarial que tenha o seu negócio restringido, reaja contra qualquer regra que limite a sua atuação.

No futebol não é diferente. A exemplo de outros setores da economia que apresentam dados mostrando que a sua atividade não é responsável pela pandemia, a CBF já tem um dossiê com números de testes, protocolos sanitários e tudo o que possa provar que a Covid-19 não afeta o futebol.

Quando apresentou um relatório sobre medidas de prevenção à Covid, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, já havia afirmado que as partidas da Copa do Brasil marcadas para estados com restrições seriam disputadas em locais onde não há proibição. Na Conmebol, a orientação é que se procure uma cidade de outro estado ou, se não for possível, de outro país para a realização de jogos em regiões onde o futebol esteja proibido. É o caso do Grêmio, que terá de jogar no Equador porque está proibida a entrada de brasileiros no Peru.

A questão de parar o futebol não se resume somente aos números. Alguns defendem que ficar analisando jogos, enquanto mais de duas mil pessoas estão morrendo todos os dias no país por uma mesma doença, é um desrespeito e uma falta de responsabilidade social. O futebol, às vezes, precisa ser analisado por outro prisma, não apenas pelo que acontece dentro de campo, mas também pelo que está ao seu redor.

Na verdade, a humanidade nunca tinha se deparado com algo deste tipo, assistimos pessoas respeitadas fazerem projeções sobre a dimensão da pandemia serem totalmente desmoralizadas pelos fatos. Não conheço ninguém que goste de ver uma cidade inteira fechada, pessoas usando máscaras e com medo de se aproximarem. É um mundo insuportável, mas neste momento o que sinto é que estamos fazendo o melhor possível para sobrevivermos. Quando estivermos seguros, vamos retomar nossas vidas e a alegria de viver, mas por enquanto, vamos tentando nos manter vivos.

A vez de Brenno

Desde que Marcelo Grohe foi embora, o Grêmio não tem um goleiro confiável e à altura do time. Três veteranos foram contratados como solução e fracassaram, enquanto isso, ninguém da base teve espaço para buscar uma vaga na equipe. A aposta atual é Brenno, que pouco se conhece e quase nada foi testado na equipe principal. A decisão de colocá-lo está correta, mas está muito claro que ele está entrando pelo fracasso de Paulo Vitor e Vanderlei, não necessariamente por uma convicção de Renato. De qualquer forma, a oportunidade apareceu e cabe a ele agarrar. O que precisa ser reformada é a política de aproveitamento dos goleiros que hoje estão nas categorias de base do clube.

O cara da direita

O chileno Carlos Palacios, de 20 anos, que está sendo contratado pelo Inter, parece que chega para um setor no qual o time ainda não tem ninguém afirmado, que é o extrema direita, antigo ponta direita. Palacios deverá fazer esta função na ideia de um 4-3-3 que quer implantar o espanhol Miguel Ángel Ramírez. Mesmo que já tenha atuado por dentro, numa linha de três no Unión Española, ele chega para suprir esta lacuna no lado direito ofensivo colorado. A partir de junho, o Inter poderá ter do meio para frente: Rodrigo Dourado, Edenilson e Patrick; Palacios, Paolo Guerrero e Taison. E Ramírez terá ainda Gabriel Boschilia, Thiago Galhardo, João Peglow e Yuri Alberto.

Reforços para Renato

Não sei da viabilidade da contratação de Rafael Carioca por parte do Grêmio, mas se existe esta possibilidade seria um grande negócio. Trata-se de um extraordinário jogador, que sabe desarmar sem fazer faltas, tem posicionamento e antecipação, além de toda a experiência que tem por sua bagagem esportiva pelo exterior. Ainda será preciso um atacante pela esquerda, para o lugar de Pepê, com o aproveitamento de Ferreira pela direita, a não ser que Renato prefira mesmo investir em Ferreira pela esquerda, então é preciso alguém para o outro lado. A temporada é longa e o desgaste com a pandemia é muito maior, portanto, não basta ter time, é preciso ter grupo. Eu sei que é chavão, mas é verdade.


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