Vitória vale a liderança

Vitória vale a liderança

No ano da pandemia, o Brasileirão é o mais equilibrado dos últimos anos

Nando Gross

Abel assumiu um elenco abatido e enfrentou muitas dificuldades

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Depois de seis vitórias consecutivas, o Internacional chamou a atenção do Brasil, passando de um time descartado na briga pelo título nacional para o principal rival do líder São Paulo. Este holofote nacional preocupa o técnico Abel Braga, que já avisou que é fundamental a questão psicológica e que os atletas encarem sempre o próximo rival com respeito, sem pensar no jogo seguinte. E não é por nada que Abel fala no jogo seguinte, afinal de contas, domingo tem Gre-Nal e ele sabe muito bem como funcionam as coisas por aqui quando estamos em semana de clássico. Por isso, vai trabalhar para que os jogadores tratem o jogo de hoje como se fosse o último da vida deles.

Abel assumiu um grupo abatido, enfrentou muitas dificuldades e ainda teve contra si o período de afastamento por conta da Covid-19. Hoje ele celebra o ambiente interno e a personalidade que seus jogadores têm demonstrado em campo. Acabou o discurso do “grupo curto”, não chegaram reforços e as melhores soluções para o time se mostraram com os jogadores da base, como Peglow, Caio, Praxedes e o próprio Yuri Alberto, que não era da base do Inter, mas que veio como promessa do Santos e tem apenas 19 anos. Todos eles já estavam no grupo e não eram vistos como solução, apenas alternativas. Coudet preferia Musto, Abel Hernandéz, Leandro Fernandez e Marcos Guilherme. Ele levou os “guris” para o grupo principal, mas não acreditava que pudessem resolver, tanto que pedia reforços a cada entrevista.

Não se trata de tirar os méritos de Coudet, ele tem muitos, mas reafirmar o trabalho de reconstrução feito por Abel. A opinião pública (entenda-se imprensa e torcedores) costuma rotular os profissionais com muita pressa e um dos maiores erros é dar como superados treinadores com o argumento de estarem desatualizados. Muitos estão, é verdade, como em qualquer profissão, mas outros apenas adotam modelos antigos por considerá-los mais adequados e mais eficientes, não por desconhecimento. O jogo de hoje no Morumbi pode colocar o Inter de volta à liderança, mas desta vez a poucas rodadas do final. O momento colorado é melhor, são seis vitórias seguidas, enquanto o São Paulo vem de três derrotas e um empate, mas o jogo com certeza será de pressão do São Paulo com o Inter marcando no seu próprio campo e explorando os contra-ataques. Afinal de contas, o time vem jogando assim até contra adversários menores e o resultado tem sido bom. Quem vencer fica mais próximo, mas não afirmaria que já é o campeão, faltarão sete jogos. No ano da pandemia, o Brasileirão é o mais equilibrado dos últimos anos.

Foco tem que ser no Brasileirão

O Grêmio segue sendo a equipe que mais empatou no Brasileirão e a que menos perdeu, por isso ocupa a sexta colocação, já que o empate está sempre mais perto da derrota do que da vitória, é uma questão matemática. Mas o que preocupa é o desempenho do Grêmio nas últimas partidas. Mesmo que tenha conseguido o empate contra o Palmeiras, em São Paulo, a verdade é que já no primeiro tempo o time de Renato escapou de levar pelo menos três gols. Se tiver a mesma atitude na final da Copa do Brasil, perde completamente a chance de título.

Hoje o Grêmio enfrenta o Atlético Mineiro, outro candidato ao título, portanto a briga é pela ponta de cima da tabela. É preciso que os jogadores gremistas esqueçam agora a final da Copa do Brasil e tratem de focar no Brasileirão. Um time se arruma jogando e tendo bons resultados, só assim ganha confiança. Por isso, não dá para ficar se poupando apenas para os confrontos contra o Palmeiras, é preciso melhorar o rendimento e é jogando que o Grêmio poderá fazer isso.


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