Emoção na reta final

Emoção na reta final

Nando Gross

Fernando Diniz conseguirá reverter esta curva descendente do líder São Paulo?

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O Brasileirão parecia definido, mas só parecia. O São Paulo já soma duas derrotas consecutivas, sendo que na última foi goleado pelo Bragantino. O Flamengo vem de um empate contra o Fortaleza e uma derrota no Fla-Flu, já o Atlético-MG venceu o seu último jogo contra o Coritiba, enquanto o Inter embalou quatro vitórias em sequência, e o Grêmio, duas. Evidente que o São Paulo segue com o favoritismo, mas suas últimas derrotas, somadas ao fracasso no confronto contra o Grêmio na Copa do Brasil, podem determinar uma instabilidade que pode lhe tirar o título faltando ainda dez partidas a serem disputadas.

O Inter teve uma arrancada terrível com Abel Braga, caiu de posição no Brasileiro drasticamente e foi eliminado da Copa do Brasil e da Libertadores. Porém, desde o segundo jogo contra o Boca, a postura da equipe é outra. Mesmo quando não joga bem, como aconteceu no primeiro tempo contra o Ceará, quarta-feira, mostra personalidade e capacidade de reação. Abel recuperou a estabilidade emocional do grupo e conseguiu recolocar o Inter entre os primeiros.

O Grêmio está na final da Copa do Brasil, mas também está na briga pelo Brasileirão e tem ainda o fato de ter um jogo a menos em relação a São Paulo e Inter. Tudo vai depender da postura do atual líder daqui para frente. Fernando Diniz irá conseguir reverter esta curva descendente do seu time e administrar a vantagem de seis pontos que possui ou o time perdeu a confiança?

O Flamengo segue sendo uma total decepção na atual temporada, e Rogério Ceni outra vez mostra dificuldades no comando de uma grande equipe. A derrota no Fla-Flu na última rodada pode ter sido decisiva para que o Flamengo já comece a pensar em mais uma troca no comando técnico. A diretoria do clube parece não ter entendido o porquê ganhou em 2019 e, desde que perdeu Jorge Jesus, se mostra totalmente sem rumo.

O São Paulo parecia ter assumido o protagonismo no futebol brasileiro, mas a desclassificação para o Grêmio na Copa do Brasil abalou a confiança da equipe. É preciso ver como o time vai reagir agora depois da goleada sofrida para o Bragantino. Se muitas vezes reclamamos da qualidade técnica das nossas partidas, é inegável que em termos de emoção o atual campeonato é muito bom. Quando parece que uma equipe vai disparar, algo acontece e muda tudo.

O São Paulo tem dez jogos para conquistar o título ou entregar para os seus adversários, não depende de mais ninguém. Para a dupla Gre-Nal, só há um caminho: jogar todas as partidas para vencer, somar o maior número possível de pontos e torcer pelo fracasso do time de Diniz.

Abel x Coudet

A divisão política no Inter se espalhou para os torcedores nas redes sociais, mas não por esta ou aquela chapa e sim por uma disputa entre admiradores de Abel e Coudet. Parece maluco, mas um grupo de colorados “seca” o Celta de Vigo, na Espanha, porque para lá foi Eduardo Coudet, outros comemoram os bons resultados do argentino. A cada vitória do Inter de Abel, surge o nome de Coudet no debate entre os colorados. Coudet fez bom trabalho, mas foi embora. Abel chegou desinformado sobre o Inter e seus adversários, encontrou um grupo deprimido e teve dificuldades, mas mostrou reação e devolveu ao torcedor a possibilidade de ao menos sonhar com o Brasileirão.

Grêmio e Palmeiras

Não consigo entender como vantagem para o Grêmio o fato de o Palmeiras ter vencido o River Plate por 3 a 0 no primeiro jogo da semifinal da Libertadores da América. A tese é de que, chegando à final, o time paulista deixaria de lado a decisão da Copa do Brasil para focar apenas no título continental. Não acredito nisso, penso que um time ganha confiança quando vence e isso melhora o seu desempenho. Alguns usam a expressão “deu liga” para se referir a uma equipe que se arrumou, se ajustou e passou a ter bom desempenho. Vitória leva a vitória, e o contrário também é verdadeiro. O Palmeiras chegará com a mesma fome de título que o Grêmio na hora da decisão.

Palmeiras e River

“Não deem o River como morto. O Palmeiras, pelo que vimos até agora, não é o Barcelona do Guardiola. Não buscou a vitória, ele a encontrou nos erros do River”. A declaração é do narrador argentino Atilio Costa Febre, da FM TOP 104,9. É uma maneira de ver as coisas, mas não existe uma equipe que consiga ganhar de 3 a 0 sem que tenha jogado buscando a vitória. Não se determina se uma equipe é mais ou menos ofensiva pelo índice de posse de bola que teve na partida, esse dado tem mais a ver com o modelo de jogo apresentado ou a estratégia utilizada. Um time “reativo” pode ser letal ofensivamente, e o Palmeiras mostrou isso. Forçar o erro do adversário e se valer dele não é acaso, é estratégia.


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