2020 já vai tarde

2020 já vai tarde

2021 é o ano da esperança, o ano em que poderemos ter nossas vidas de volta, abraçar os amigos e encher os estádios de futebol

Nando Gross

Estádios sem torcedores deixaram o jogo mais chato, sem emoção, como se não fosse de verdade

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Um dos piores anos da história chega ao seu final e só nos resta esperar que 2021 consiga nos trazer de volta tudo o que tivemos de deixar de lado por conta da pandemia. Ficar enumerando os diversos problemas que tivemos para lidar com o assunto neste momento é perda de tempo. 2020 também vai ficar marcado por ser o ano onde a verdade se tornou irrelevante, onde as pessoas passaram a construir novas verdades e levaram com elas uma legião de seguidores. Talvez este seja o maior desafio dos atuais jornalistas no seu trabalho de mediação, insistir na divulgação da verdade e alertar ao máximo a população sobre as diversas mentiras que recebem todos os dias, especialmente no universo on-line.

O futebol sobreviveu em 2020, não está na UTI, mas hospitalizado e precisando de cuidados especiais. Estádios sem torcedores deixaram o jogo mais chato, sem emoção, como se não fosse de verdade. Financeiramente os clubes estão sofrendo com a crise econômica e todos aumentando suas dívidas e comprometendo cada vez mais seu patrimônio. Por sua vez, o calendário que já era um caos, piorou ainda mais. De qualquer forma, os campeonatos aconteceram dentro deste incômodo chamado “novo normal”.


2020 é um ano onde o Grêmio superou o Inter nos clássicos, levou o Gauchão e garantiu presença em mais uma final de Copa do Brasil. O Inter fracassou no regional, mas era líder do Brasileirão quando perdeu Eduardo Coudet e então passou a cair de posição. Ainda assim, termina o ano à frente do Grêmio e com uma vaga direta para a Libertadores.

2021 é o ano da esperança, o ano em que poderemos ter nossas vidas de volta, abraçar os amigos e encher os estádios de futebol. Não sabemos quando isto será possível, mas como diz a canção: “eu vou contando as horas”. O ano novo traz também um novo presidente para o Internacional e que também vai assumir em circunstâncias bem complicadas. Marcelo Medeiros chegou à presidência com o time rebaixado para a segunda divisão, o clube falido e ainda nas páginas policiais por conta dos dirigentes que estavam saindo. Não conquistou títulos, mas subiu à elite no primeiro ano, recolocou o Inter na disputa da Libertadores e ainda chegou a uma final de Copa do Brasil.

Alessandro Barcellos assume em meio à pandemia, tendo um técnico no comando que não é o escolhido por ele, mas que se mostra o mais indicado para ficar até o final do Brasileirão. O problema é que quando da chegada do novo comandante, não haverá tempo algum de trabalho antes de o Gauchão começar, e os novos dirigentes já manifestaram a necessidade de voltar a conquistar o título regional e superar o seu maior rival. Como o presidente irá lidar com isso, não sei ao certo, mas é um enorme desafio.

2020 é o ano da afirmação do técnico Fernando Diniz, que tem tudo para conquistar o título de campeão brasileiro, da queda do Flamengo sem Jorge Jesus, da recuperação de nomes como Cuca e Vagner Mancini, de mais uma tentativa de Rogério Ceni emplacar num grande clube e do reconhecimento do trabalho de Odair Hellmann.
Mas com certeza é um ano que já vai tarde.

 


A autocrítica de Renato

Renato Portaluppi não reage bem às críticas que recebe, mas ele as analisa e faz autocrítica do seu trabalho. Não fosse isso, talvez o Grêmio não tivesse superado o São Paulo e conquistado vaga a mais uma final de Copa do Brasil. Todos apontaram para os erros que o time gremista cometeu contra o Santos no jogo da Arena, pois na Vila foi ainda pior. Renato ignorou o adversário e perdeu. Contra o São Paulo, ele fez ao contrário, estudou o time de Fernando Diniz e com méritos chegou à vitória. Não importa como Renato reage publicamente quando é criticado, o mais importante é ele perceber os erros e corrigi-los.

O veto de Abel

Sempre afirmei que diante das circunstâncias o melhor para o Inter é manter Abel Braga até o final do Brasileirão. A questão é que a diretoria já tem um outro nome e Abel sabe disso, e o que está sendo divulgado é que o atual treinador não aceita que o novo contratado fique no clube para este período de transição. Abel já sabia quando foi contratado que assumiria uma nova diretoria, e por isso fez contrato até o final de fevereiro apenas, portanto esta sua atitude (se for verdadeira) me parece totalmente descabida, mas pelo que parece, foi aceita pelos novos dirigentes.

Bola fora

Impressionante a imaturidade de Neymar para lidar com a sua vida pública. Ele é sem dúvida um dos maiores jogadores da história, mas não compreende o quanto a sua figura impacta nas pessoas e as consequências que essas atitudes podem ter. Ele termina o ano de 2020 sendo assunto por promover uma megafesta na sua mansão em Mangaratiba com duração de cinco dias. Autoridades do mundo inteiro pediram e orientaram para que festas desse tipo fossem evitadas, mas Neymar resolveu ser protagonista outra vez. Pena que fora de campo o seu protagonismo só resulta em bola fora.


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