O futebol mais bonito do Brasil

O futebol mais bonito do Brasil

E o desafio gigante do Inter na Bombonera

Nando Gross

Após a goleada sobre o Vasco, domingo, Renato voltou a garantir que o Grêmio joga o futebol mais bonito do Brasil

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O primeiro critério para se definir se um time de futebol realmente joga “bonito” é a sua eficiência. Beleza sem eficiência não combina no esporte, onde o que está em jogo é a disputa pela vitória. O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o belo como algo “que tem forma ou aparência agradável, perfeita, harmoniosa. Que desperta sentimentos de admiração, de grandeza, de nobreza, de prazer, de perfeição.” O escritor Umberto Eco conceitua “belo” na sua obra “História da Beleza”, como “um adjetivo que usamos frequentemente para indicar algo que nos agrada.”

Mas quando vamos para a definição no esporte, não há como não levar em conta o quesito eficiência para definir o que é bonito ou não. Evidente que uma equipe poderá fazer um jogo de qualidade, com beleza nos seus movimentos coletivos e mesmo assim sair derrotada, mas a tendência de bom desempenho é vir seguido de bons resultados.

Quando Renato afirma que o Grêmio joga hoje o futebol “mais bonito do Brasil”, ele está dando uma opinião que vem respaldada em fatos. Sua equipe, além de estar conseguindo resultados positivos, joga um futebol de eficiência coletiva, com movimentos bem executados, aliados a qualidade técnica do grupo e de alguns protagonistas, como Jean Pyerre e Pepê. Desta fase de crescimento após a “decolagem”, o adversário de hoje pela Libertadores talvez seja o mais difícil, mas pelos últimos jogos vejo o Grêmio melhor e, portanto, favorito para derrotar o Santos à noite na Arena.

Desafio gigante do Inter na Bombonera

Após o empate contra o Atlético Mineiro em Belo Horizonte, se criou uma certa euforia em torno da utilização de jogadores da base do Internacional, como se Abel Braga e Leomir de Souza tivessem descoberto Praxedes e Peglow. Foi Abel quem decretou no jogo da volta contra o América-MG, pela Copa do Brasil, que iria privilegiar os “experientes” na sua escalação.

2020 é o ano em que os jogadores da base mais foram utilizados e mais jovens do que em anos anteriores. Foi com Eduardo Coudet que estes garotos subiram e foram sendo colocados em campo. Podemos discutir se já não deveriam ter tido mais espaço, mas já estavam no grupo e mesmo assim Abel e Leomir vinham insistindo com Lindoso, Dourado e Musto, sempre com dois desses em campo.

Se realmente Abel percebeu o que está acontecendo na equipe colorada, não repete a fórmula com Dourado e Lindoso (Musto) hoje à noite contra o Boca. Se a aposta é num articulador, no momento Maurício pode dar mais do que D’Alessandro e Praxedes pode ser o segundo volante que tanto Abel quer escalar.

Um meio-campo com Dourado, Edenilson, Patrick e Praxedes, em losango, como Abel fez no primeiro tempo contra o Boca em Porto Alegre. Ou se quiser um time mais agressivo, pode colocar Maurício no lugar de Praxedes, com Yuri Alberto e Galhardo na frente. A melhora do Inter após tomar o segundo gol do Atlético não foi somente pelas mudanças, passa também pelo entendimento de que o time precisava ir à frente em busca do gol. O time colorado jogou sempre com suas linhas baixas, totalmente recuado, muito diferente do que praticava com Coudet. Isto apenas se alterou quando o Galo passou à frente. Hoje contra o Boca o Inter precisa da vitória e ficar todo recuado como ficou em Belo Horizonte pode ser um erro estratégico decisivo. O melhor Inter de 2020 jogava com suas linhas adiantadas com marcação alta e pressão na posse de bola do adversário. O melhor a fazer é repetir o modelo que vinha dando resultado. 


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